O POVO – Como será este show em Fortaleza. O que pode adiantar do repertório?
Paula Toller – Nesse show em Fortaleza, vou cantar músicas do disco novo, como Calmaí, primeiro single, Transbordada, Já chegou a hora e Tímidos românticos. E vou alternar com grandes sucessos de toda minha trajetória como Fixação, Nada sei, Oito anos, Derretendo satélites, e Deus (apareça na televisão). É um show para cantar e dançar, bem animado!
O POVO – Seus três discos solo trazem sonoridades bem diferentes, que vão do pop sofisticadíssimo da estreia a este novo, mais solar e dançante. Como você vê essa mudança de rumo?
Paula Toller – Transbordada é um disco que soma todas as Paulas anteriores. A cantora sofisticada e madura dos discos solo e a líder de banda de rock, mais moleque. É o disco do meu momento, um pop clássico com experimentações.
O POVO – Achei curioso o Transbordada contar com o ex-mutante Liminha e com o Hélio Flandres, da nova geração do rock nacional. Você acaba representando uma geração de “meio de campo”. Essa ponte entre as histórias do rock nacional foi proposital?
Paula Toller – A minha geração foi explosiva. É chamada “geração de ouro” do rock brasileiro. No meu DNA também estão os Mutantes, mas o Liminha produziu os maiores sucessos do Kid. Então, temos uma história muito rica e conseguimos ir além, compor juntos, e foi maravilhoso. Hélio é o sangue novo do disco, convidei-o porque admiro sua voz e suas composições, e também para dar visibilidade aos bons da nova geração.
Paula Toller – Estou num momento 100% estrada. Não tenho ouvido as novidades.
O POVO – Em meio à produção do seu novo trabalho, você descobriu ter diabetes. De que forma isso alterou a tua rotina de vida e trabalho?
Paula Toller – Descobri em 2009, na época da turnê do disco Sonós. Tive que me esforçar bastante para adaptar a nova rotina – alimentação, exercícios, tratamento com insulina – e enfrentar o caos das viagens. Hoje em dia está mais tranquilo e tenho tentado passar essa experiência adiante.
O POVO – Além de compositora e bandleader, você é uma intérprete bastante requisitada. Se um dia fosse fazer um trabalho exclusivamente de intérprete, o que gostaria de cantar?
Paula Toller – Adoro fazer esses projetos, usar outras personas e cantar outros estilos. Mas, não penso em fazer um disco inteiro como intérprete. Prefiro surfar por ondas variadas.
O POVO – Quando o Kid Abelha surgiu, você era uma das raras mulheres de sucesso no pop. Hoje, a lista é grande. De que forma você acredita que influenciou a nova geração?
Paula Toller – A lista de cantoras é grande, mas o mais importante é que a lista de compositoras aumentou, e eu tenho certeza que ajudei a inspirar essa confiança nelas.
O POVO – Você é de uma geração onde o rock funcionou com a voz da juventude num período político conturbado, pós-abertura. Qual o papel do rock atualmente?
Paula Toller – Como artista, não me sinto obrigada a falar sobre nenhum assunto. Mas, também não temo a patrulha quando desejo opinar sobre qualquer coisa. Acho importante que a música, além de pop, chiclete, tenha uma mensagem interessante escrita de uma forma única. O papel do rock é ser livre.
O POVO – Da estreia do Kid Abelha ao lançamento de Transbordada, o mercado da música mudou radicalmente. O suporte físico sofre constantes crises, e a música de consumo rápido vem tomando o espaço que antes do rock nacional e da MPB. Diante desse cenário, o que te leva a lançar um trabalho novo e apresentar músicas inéditas?
Paula Toller – O suporte foi diminuindo, diminuindo, até que sumiu. Essa carreira é assim, tem altos e baixos, mas eu não trocaria por nenhuma outra mais estável. Tenho fé que esse trabalho é especial e poderoso. Por isso tive a coragem de lançar, inclusive bancando tudo do meu próprio bolso.
O POVO – Transbordada sai 10 anos depois do último disco de inéditas do Kid. Do que sente falta em tocar numa banda?
Paula Toller – O fato de ter meu nome nos cartazes não quer dizer que eu esteja sozinha. Meus músicos são artistas de alto nível que contribuem muito com ideias, só que nesse formato a liderança é clara.
O POVO – Como você consegue ficar mais bonita à medida que o tempo passa?
Paula Toller – Obrigada pelo elogio! Abraços.
Serviço:
Paula Toller – Transbordada
Quando: amanhã (18), às 22h
Onde: Barraca Santa Praia (Av. Zezé Diogo, 3345 – Praia do Futuro)
Quanto: R$ 40 (Pista – Meia), R$ 80 (Pista – Inteira), R$ 60 (Front Stage – meia) e R$ 120 (Front Stage – inteira)
Outras info.: 3261.0665