Selvagens-á-Procura-da-LeiPor Rubens Rodrigues (rubenssantos@gmail.com)

Os Selvagens à Procura de Lei se preparam para lançar Praieiro, o terceiro álbum de inéditas. Resultado de mais de um ano morando juntos em São Paulo, o disco vem com a proposta de fazer “algo diferente”.

Formado por Gabriel Aragão e Rafael Magalhães, que dividem vocais e guitarras, Caio Evangelista (baixo) e Nicholas Magalhães (bateria), o quarteto lembra o rock revolucionário dos anos 80 em letras que falam sobre a própria geração.

Em entrevista ao DISCOGRAFIA, Gabriel Aragão fala sobre o processo de produção do novo disco, a proximidade com os fãs e a participação no projeto Mil Tom, coletânea que homenageia Milton Nascimento.

DISCOGRAFIA – Assim como o álbum anterior, Praieiro também foi produzido por David Corcos. O que mudou no processo?

Gabriel – No álbum anterior (Selvagens à Procura de Lei, 2013) passamos a ouvir discos juntos. Isso foi importante porque as músicas já nasceram tendo como referência algo que todos nós estávamos curtindo. Ensaiamos bastante com o David, fomos garimpando as músicas e fizemos o disco que queríamos, nós cinco. Praieiro é resultado desses quatro compositores morando juntos. Além de a gente continuar ouvindo e descobrindo novos sons, a música que nasceu nesse período foi modelada pelos quatro. É o primeiro disco em que todos nós assinamos a composição e eu acho que isso traz um novo sopro ao nosso repertório. O processo foi parecido: uma grande sequencia de ensaios, seleção de músicas… mas o grande diferencial do Praieiro está no elenco de músicos que participam do disco. Teclados, percussão, metais, gaita… Foi uma experiência nova pra gente que estava acostumado a sermos apenas um quarteto. Será um disco grande por suas músicas e pelos músicos que dão vida a elas.

DISCOGRAFIACorcos falou que o novo trabalho “tem tudo para ser um disco clássico de música popular brasileira”. A ideia sempre foi se afastar do perfil mais rock do Aprendendo a mentir?

Gabriel – A ideia sempre foi fazer algo novo e diferente do que fizemos antes. Por isso não podemos nos prender ao passado ou fazer outro Aprendendo a mentir. Quando terminamos de gravar o segundo disco veio uma vontade de criar um trabalho que transmitisse uma energia forte, bem humorada, dançante e positiva. Algo diferente. Foi assim que surgiu o conceito de Praieiro. Ainda somos os Selvagens e sempre seremos uma banda de rock, seja lá o tipo de música que estivermos fazendo. O que eu mais gosto no rock é a liberdade de beber de todas as fontes, o poder de se reinventar e de continuar aprendendo. Roqueiro tem espírito livre.

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DISCOGRAFIAVocês já falaram que a banda inteira escutava os mesmos álbuns na época que estavam produzindo o SAPDL, como o Transa do Caetano e o Refazenda do Gilberto Gil, e o disco acabou ganhando uma sonoridade mais setenta-oitentista. O que vocês escutaram no período de gravação do Praieiro?

Gabriel – Tantos sons que seria difícil citar todos. Ouvimos muito Mutantes (Mutantes e seus cometas no país dos baurets“), muito Gilberto Gil (Luar), o último do Daft Punk, Alceu Valença… Stevie Wonder (Hotter Than July), Bob Marley (Catch a fire), Novos Baianos… Muita coisa mesmo.

DISCOGRAFIAPor que o título Praieiro?

Gabriel – Queria algo que fosse simples, que dissesse tudo em uma palavra só. Diferente dos outros títulos quilométricos da banda. Praieiro somos nós. Nosso estado natural.

DISCOGRAFIAComo vocês avaliam esse engajamento tão raro dos fãs para uma banda autoral que começou na cena independente de Fortaleza?

Gabriel – A Mucambada é uma força sinistra. A gente sempre cultivou uma boa relação com os fãs. Nos primeiros shows da banda costumávamos entregar nosso primeiro EP pra quem quisesse. Sempre quisemos ser ouvidos, mas sem forçar a barra. Não íamos mudar nosso estilo por nada. A gente sempre fez o que queria estar fazendo com relação ao nosso som. Acho que os fãs percebem isso e desejam ver mais artistas sendo eles mesmos no palco. Existem muitas máscaras por aí. Claro, um show também é business. Mas o público sabe quando um artista está sendo verdadeiro. Dá pra sentir.

DISCOGRAFIAComo foi o convite para participar da coletânea “Mil Tom”?

Gabriel – Foi ótimo. Somos todos fãs de Clube da Esquina. No nosso EP Lado C, de 2012, lançamos uma versão de Travessia que tocávamos no começo da banda. Dessa vez vamos gravar Nuvem cigana. “Se você deixar o coração bater sem medo…”, bom demais!

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DISCOGRAFIAO que vocês podem adiantar do trabalho de divulgação do disco?

Gabriel – Estamos usando a hashtag #vempraieiro para divulgar tudo relacionado ao disco novo. Essa hashtag terá um significado ainda maior depois que o disco estiver lançado. Surpresas.

DISCOGRAFIAPraieiro já tem data de lançamento?

Gabriel – Sem data oficial por enquanto! Mas segura essa onda que o rock vai invadir sua praia!

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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