BB-KingLenda do blues norte-americano, o músico B.B. King morreu na noite da quinta-feira (14), aos 89 anos, em Las Vegas, informou seu advogado, Brent Bryson. Mantendo a agenda cheia, o guitarrista já vinha sofrendo com problemas desde o fim do ano passado. Em outubro de 2014, ele chegou a interromper uma apresentação em Chicago devido a uma forte desidratação e exaustão. O incidente acarretou ainda o fim da turnê, que ainda tinha oito shows programados. Em abril, King passou quatro dias hospitalizado após sofrer desidratação como complicação da diabetes tipo 2, da qual sofria há mais de 20 anos.

Nas últimas semanas, o artista esteve no centro de um conflito entre a sua filha e seu empresário pela forma como estava sendo atendido. De acordo com o site TMZ, a filha do músico, Patty King, considerava que o pai estava recebendo tratamento inadequado e chamou a polícia depois que seu empresário, Laverne Toney, negou-se a interná-lo em um hospital. No dia 30 de abril, King deu nova entrada em um hospital de Las Vegas por conta de um ataque cardíaco. “Obrigado a todos vocês pela torcida e orações”, declarou B.B. King, através do seu site pessoal, enquanto se recuperava em casa.

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Nascido em 1925 no Mississippi, sul dos EUA, Riley Ben King cresceu numa fazenda de algodão, onde começou a trabalhar com menos de 10 anos de idade. Filho de família pobre, ele comprou o primeiro violão para animar a casa onde vivia sem energia elétrica. Músico autodidata, ele teve a primeira grande chance no programa de rádio de outra lenda, Sonny Boy Williamson, em 1948. Como resposta à apresentação, ganhou um quadro de 10 minutos na programação, onde passou a se identificar como “Blues Boy” (“garoto do blues”), que futuramente seria reduzido para B.B. King.

Como o estouro de Three o’clock blues, no início da década de 1950, B.B. King começou a fazer turnês e emplacar inúmeros sucessos pelo mundo. The thrill is gone, Paying the cost to be the boss, Every day I have the blues e How blue can you get são alguns êxitos que ele conseguiu em gravações que se espalharam por mais de 50 álbuns, que ainda renderam 16 prêmios Grammy. Admirado por nomes como John Lennon, Eric Clapton, Keith Richards e Lenny Kravitz, o “rei do blues” era membro do Hall da Fama do Blues desde 1984 e do Hall da Fama do Rock and Roll desde 1987.

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Acompanhado sempre pela sua Lucille, como apelidava suas guitarras, B.B. King fez história e influenciou centenas de músicos pelo mundo com seu estilo econômico de escolher as notas. “O diferencial dele era uma expressividade impar. Com apenas uma nota, B.B. era capaz de emocionar”, comenta Alvin de Paula, guitarrista da De Blues em Quando. Para o guitarrista Arthur Menezes, além do fraseado particular, a trajetória do “Rei” também serve como exemplo para outros músicos. “O que eu mais vejo da figura dele é como um cara que era humilde pra caramba, sofreu com preconceito racial, conseguiu chegar onde ele chegou. Virou rei mesmo e com a cabeça boa. Muita gente fica ranzinza, mas ele não era assim”.

Marília Lima, vocalista da In Blues
Embora escute muito as vozes femininas, ele era uma referência. Era um dos únicos da minha época que ainda estava produzindo. Não era tão mito, não estava tão longe. Agora, está todo mundo desejando boas energias

Alvin de Paula, guitarrista da De Blues em Quando
Não só os bluesmen, mas vários outros estilos acabaram afetados pelo B.B.. O cara era uma grande referência, excepcional não no virtuosismo. O diferencial era uma expressividade ímpar. Com uma nota, ele era capaz de emocionar.

Felipe Cazaux, compositor e guitarrista
Dentre os discos dele, tinha um preferido que é o Live at the Apollo, que tem metais e arranjos bem bacanas. Aprendi, praticamente, todas as músicas depois que comecei a me dedicar ao blues. O estilo é único. Era a nota certa na hora certa.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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