humberto-gessingerDesde o lançamento do álbum Longe demais das capitais, em 1986, muitos músicos já passaram pelo Engenheiros do Hawaii. Com a saída do baixista Marcelo Pitz (já depois da estreia) e do baterista Carlos Maltz (em 1996), mais de 10 músicos se revezaram na instrumentação básica da banda gaúcha, incluindo o ex-RPM Fernando Deluqui e o ex-Barão Vermelho Humberto Barros. A essa lista, é preciso somar um grande time de convidados como Paulo Moura, Wagner Tiso, Paulo Ricardo e Kleiton Ramil.

Nessa história de entrada e saídas, o único membro original que permaneceu no Engenheiros foi o vocalista e baixista Humberto Gessinger. Com as “férias por tempo indeterminado” que a banda se impôs desde 2007, quando lançaram um segundo projeto acústico, o compositor porto-alegrense buscou novos rumos para sua produção. Escreveu livros, dividiu com Duca Leindecker o Pouca Vogal até que, só em 2013, lançou o primeiro trabalho solo. Contando, mais uma vez, com um time grande de colaboradores, Insular ganhou uma versão ao vivo no ano seguinte, que será apresentada pela segunda vez a Fortaleza neste sábado, no Dragão Pop Music.

Assumindo mais uma vez o baixo elétrico e retomando a formação de trio que marcou os primeiros anos de Engenheiros do Hawaii, Humberto Gessinger volta ao Ceará acompanhado de Esteban Tavares na guitarra e Rafael Bisogno na bateria. “Num trio, que é uma coisa minimalista para o rock, todos são muito importantes. Eu gosto muito por que os elementos ficam explícitos. E, como eu vinha de muito tempo de (trabalhos) acústicos, tem essa coisa da volta”, explica o músico de 51 anos.

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Assunto sempre polêmico entre os fãs de bandas clássicas de rock, segundo Gessinger, as mudanças de músicos do Engenheiros levam os fãs a seguirem um padrão de comportamento, que vai do estranhamento e à aceitação. “O amor é uma coisa conservadora. Mas, aos poucos, as pessoas vão entendendo e percebendo que são capítulos do mesmo livro. Eu acho que, cada vez mais, acima das formações e dos parceiros, a coisa da música paira sobre tudo isso”, analisa o compositor, acrescentando que mantém uma relação boa com os ex-colegas, com exceção de Augusto Licks. O afastamento, ele explica, é por que o guitarrista que substituiu Pitz e esteve presente em álbuns clássicos como A revolta de Dândis já não mora mais no Rio Grande do Sul.

Apesar de ser um primeiro trabalho solo, Insular conta com um grande número de colabores, onde se inclui alguns ex-Engenheiros. As diferentes formações apresentadas em cada faixa justificam a escolha de Gessinger por assinar seu nome na capa do disco lançado pela Coqueiro Verde. “Eu fugi muito anos disso. Tanto que nunca tive muita naturalidade com a própria noção de um pseudônimo. Mas, fui obrigado por que (o disco) não tem uma banda fixa. Cada música tem um ambiente diferente, tem influência de todos os caras que tocam comigo”, explica ele, que ainda convidou Duda Leindecker, Bebeto Alves e outros para o trabalho registrado em Belo Horizonte (MG) e Bento Gonçalves (RS).

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Mais rigoroso com a produção do que quando tinha vinte e poucos anos, Gessinger se orgulha do que vem dizendo nos discos que estreou em 1986. Por outro lado, não há planos para comemorar os 30 anos do álbum que o lançou como um dos hitmakers do rock oitentista. “Vou seguir dois anos na estrada com o Insular, depois não sei o que vem. Talvez faça alguns shows episódicos com o primeiro disco”, comenta. Preferindo não comentar o que ainda não está decidido, ele destaca que não tem mais pressa para traçar planos. “Não quero aquela ansiedade. Já lancei muitos livros e muitos discos. Agora, quero esperar a terra absorver essa chuva”.

 Serviço:
Insular – Humberto Gessinger
Quando: hoje (23), às 21h
Onde: Praça Verde (Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema)
Quanto: R$ 100 (pista – inteira), R$ 50 (pista – meia), R$ 90 (front – meia) e R$ 180 (front – inteira). À venda na bilheteria do Dragão, Blinclass (shoppings North Shopping, Iguatemi e Aldeota) e Bilheteria Virtual
Outras info.: 3033 1010

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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