Por telefone, Margareth Menezes lembra que Fortaleza foi uma das primeiras cidades a conferir o tributo, quando ele ainda mal engatinhava. “Esse trabalho surgiu em 2012, num show que fiz para homenagear os 70 anos dos dois. Nem tinha a perspectiva de gravar”, lembra a baiana que só pensava em aproveitar as datas que conseguiu para o Teatro Rival, no Rio de Janeiro. Pouco depois, veio o convite para trazer a apresentação para a Praça Verde do Centro Dragão do Mar, no encerramento do V Festival UFC de Cultura. “Foi um teste, já que saí de um lugar pequeno para um lugar de seis ou sete mil pessoas. Foi o que me fez ter uma boa expectativa para este trabalho”, avalia.
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=GiKXQIy0T5w[/youtube]Lançado em CD e DVD, Para Gil e Caetano oferece sensações diferentes de acordo com a mídia. Em vídeo, o repertório começa pra cima, com O quereres, Reconvexo e Eclipse oculto (esta com participação honesta de Saulo Fernandes). Exclusivo entre as 24 faixas do DVD, o diretor musical Alexandre Leão faz um dispensável solo “som de barzinho” em Força estranha e Meu bem, meu mal. Já no CD, Margareth começa arrebatando na releitura blueseira de Como 2 e 2. O canto forte surpreendeu até a própria intérprete. “Cantei com uma dor. Hoje, eu me assusto quando ouço. Que porra é essa? Me dá um negócio estranho”, comenta.
Como o tempo entre o convite do Rival e a realização do show foi pequena, Margareth apostou no próprio feeling para montar a homenagem. A escolha de repertório, principalmente. “Fui pegando coisas que tinham a ver comigo, com o meu momento. Coisas que eu gostava de cantar e dançar, coisas reflexivas”, explica a cantora de 52 anos, que reuniu um pequeno núcleo de músicos formado por Adail Scarpelini (guitarra e ukelele), Alexandre Leão (violão), Daniela Penna e Guto Messias (percussões). Cercada de poucos elementos, Margareth Menezes deixa sua voz desfilar entre arranjos cheios de leveza e balanço. Impondo personalidade e graves corpulentos, ela reorienta o Carnaval e confirma que seu canto vai muito além do trio elétrico.