Foto perfil 2Com uma caminhada longa e segura, Artur Menezes se tornou um dos orgulhos cearenses dos últimos tempos. Guitarrista virtuoso, ele tem levado a cena bluseira de Fortaleza para lugares nunca antes imaginados. Para se ter ideia, ele esteve entre os mais votados na seleção do Crossroads Guitar Festival 2013, reunião dos principais guitarristas do mundo organizado por ninguém mais ninguém menos que Eric Clapton. Além disso, esteve ao lado de lendas como Buddy Guy, Atiba Taylor e Big Time Sarah, tocando e recebendo elogios.

Radicado há cinco anos em São Paulo, Artur Menezes segue como um dos melhores guitarristas de sua geração e vem garantindo, aos poucos, sua presença nos principais festivais de blues do Brasil. Entre eles, está o Festival do Rio das Ostras, que acontece em agosto no município carioca. Depois de tocar no palco secundário do evento, o cearense já está escalado para ser uma das atrações principais deste ano. E neste festival que vai contar com nomes como Incognito e Robben Ford, Artur apresenta as novidades de Drive me, seu mais novo trabalho.

Lançado dois anos e meio depois de #2, Drive me é um passo adiante na linha evolutiva traçada pelo guitarrista. Com a voz mais solta e composições que mesclam linguagens variadas da black music, esse terceiro disco de Artur Menezes olha para a frente, sem abandonar as conquistas que vieram até agora. “É uma continuação do que eu vinha fazendo, que é um trabalho de blues, mas mais moderno, com pegada mais pop, soul”, confirma o músico de 29 anos. Sem negar os avanços do novo disco, ele destaca isso é reflexo de mais estudos e prática, além do trabalho de profissionais até então inéditos em seus discos, como preparador vocal, engenheiro de áudio e coprodutor musical. “Está mais profissional”, resume por telefone.

Profissionalismo pode não ser exatamente o caso, uma vez que Artur Menezes sempre soube como levar a carreira. Mais provável é que os quase 20 anos de carreira tenham deixado o artista mais certo do que deseja extrair da música. Talvez por isso também, em Drive me, saem as misturas com ritmos nordestinos e entram toques de soul music e r&b. E aqui, o destaque são as baladonas Getting cold, um limbo entre Tim Maia e Eric Clapton, e More than you know, onde Artur dispara seus dedilhados e acerta falsetes corajosos. “Cantar é muito difícil, é uma coisa mais frágil. Depende de como seu organismo está, sua cabeça está”, analisa, acrescentando que, não sendo um “negão”, precisa se esforçar com a voz que tem. “Obviamente, tenho muito o que melhorar”.

Embora ainda tímido como compositor, Artur Menezes mostra em seu novo disco que há vontade de explorar novos caminhos. Com apenas nove faixas, Drive me já começa acelerando na faixa título, que apresenta um conciso trabalho de solos e cozinha. Marcada pelo galope country com intervalos mais lentos, a faixa antecede o blues puro I have screwed up, com cara de single radiofônico. A seguir, os toques de metal e Gary Moore em Bitterness, pegada funk e metais em Too soon, e dois temas instrumentais. “Quando vou compor, é uma coisa de transpiração mesmo. Sento e vou fazendo de uma vez, não é aquela coisa de inspiração que vem no trânsito”, revela o músico que compôs todo o trabalho em dois dias.

O repertório encerra com Cartão postal, blues obscuro de Rita Lee registrado no magistral Fruto proibido (1975). Regravada apenas com voz, violão e gaita, a versão nasceu no desejo de Artur cantar em português. “Antes tinha mais receio por que achava que o blues tinha que ser em inglês. Como meu trabalho é mais moderno, mais tradicional, quis fazer algo em português”, explica o músico que agora planeja a turnê de lançamento do filho mais novo. Além das casas onde se apresenta com frequência, como as paulistanas Bourbon Street, O’Malley’s e SESC, ele pretende chegar a Fortaleza entre o fim de julho e início de agosto. Em seguida, os planos são de voltar aos EUA, berço da música que ele adotou como uma parte de si mesmo.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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