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Até o início dos anos 1980, convencer algum artista internacional a tocar no Brasil era um desafio gigantesco. Uma série de infortúnios do passado, como instrumentos roubados e calotes milionários, fizeram a imagem do País ir ao chão no mundo do show business. Tinha até gente com medo de ser atacado por índios ainda no aeroporto. Foi nadando contra essa maré, que o empresário Roberto Medina começou a planejar um mega festival de música a ser realizado no Rio de Janeiro.

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A marca Rock In Rio nasceu antes mesmo de ele ter certeza se aquela aventura daria certo. Na época com 35 anos, o dono da Artplan pensou em reunir as maiores estrelas de rock do mundo e fazê-las dividir o palco com veteranos e estreantes brasileiros do gênero. Diante da fama que o Brasil tinha, nem a expertise que Medina tinha como o homem que trouxe Frank Sinatra para um show antológico no Maracanã facilitou seu caminho diante dos roqueiros. Tanto que o empresário carioca ouviu dezenas de nãos antes do primeiro sim. E foi esse bendito sim, dado pelo Queen, que abriu as portas para o festival que entraria para o livro do recordes como o festival com maior público da história (até então): 1,38 milhão.

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Esse foi o público da primeira edição do Rock In Rio, realizado entre os dias 11 e 20 de janeiro de 1985. Bem no meio desse período, mais precisamente no dia 15, Tancredo Neves foi escolhido por um colégio eleitoral como o primeiro presidente civil da Nação depois de mais de 20 anos de Ditadura Militar. No mesmo dia que o mineiro de São João Del-Rei foi indicado para o posto mais alto do Brasil, o carioca Cazuza, então vocalista do Barão Vermelho, cantava Pro dia nascer feliz dedicada àquele momento. “Que o dia nasça lindo para todo mundo amanhã, um Brasil novo, com uma rapaziada esperta”, aspirava com seu carioquês típico.

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Além do Barão, o Rock In Rio foi a primeira chance de uma série de jovens astros brasileiros tocarem com som e luz daquela qualidade. Isso obrigou bandas como Kid Abelha (ainda ostentando o & Os Abóboras Selvagens) e Paralamas do Sucesso a se profissionalizarem se quisessem acompanhar aquele trem de novidades que estava passando na porta deles. Mesmo veteranos, como Rita Lee e Erasmo Carlos viram que precisavam incrementar seus shows para se alinhar aos novos tempos. Só para se ter ideia do volume de inovações, a primeira vez que pensaram em iluminar a plateia durante um show foi no Rock In Rio.

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Passados 30 anos, o festival cresceu em tamanho, agregou outros estilos musicais e ganhou o mundo. Já foram seis edições nacionais, mais seis realizadas em Lisboa, três em Madrid e uma em Las Vegas. Mas nenhuma foi tão carregada de simbologias quanto aquela de 1985, quando tantos viram suas vidas mudando durante o que poderia ser só um festival de música. Era o novo começo de era, de gente fina elegante e sincera que Lulu Santos havia anunciado.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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