Diz o Paulo Leminsky em um texto sobre o Walt Whitman, que toda revolução digna desse nome, produz seu grande artista, que como uma antena capta a imensa energia vital liberada pelas transformações coletivas. Poderia estar falando do Arnaldo, que na efervescência dos anos 1960 e 1970, abriu as portas da percepção da música brasileira para o rock e para a psicodelia, na combinação explosiva de estética e política que foi a Tropicália.
Todos que curtimos ou fazemos rock (o que quer que isso queira dizer) no Brasil, devemos muito ao Arnaldo e aos Mutantes. Escrevo ouvindo seu último e incrível disco “Let it Bed” (2004), pensando em sua história de vida, em tudo que fez, pelas dificuldades que passou, na incrível conexão de sua vida com sua arte, e quase posso ouvir de novo a sua voz generosa como um ensinamento: vai fundo!
Oscar Arruda, cantor, compositor e músico cearense