Cada dia mais roqueira, Ana Cañas acelerou as guitarras para fazer sua homenagem às mulheres. Pretas, brancas, sagradas, putas, hétoras, bis, traídas ou enlouquecidas, todas elas são citadas na letra de Mulher, faixa da própria lavra lançada no álbum Tô Na Vida.

Com Ana soltando a voz com gosto, a faixa empolga com acompanhamento meio blues texano de baixo, bateria e guitarra. A propósito, Ana corajosamente empunha sua guitarra para duelar com ninguém menos que o gigantesco Lúcio Maia (Nação Zumbi), produtor deste quarto disco de estúdio da paulistana de 35 anos.

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Embora já possa se orgulhar de muito do que fez até agora, Ana Cañas ainda segue sua carreira por linhas tortuosas. Uma forma de mostrar isso é que, a cada novo trabalho, ela envereda por um novo caminho. A estreia tinha ares de MPB. Hein? puxava para um rock tropicalista. Volta bagunçava tudo com ares jazzísticos. Agora, Tô Na Vida tenta soar mais roqueiro, mas se amança em muitas baladas.

Seu primeiro trabalho ao vivo, o mediano Coração Inevitável, é um bom argumento para essa falta de rumo – ou excesso de rumos. Ora recitando poesias, como uma Bethânia rejuvenescida, ora cantando Rock and Roll, clássico do Led Zeppelin, ela prova tantas frutas que nem a direção de Ney Matogrosso parece costurar tudo. Ainda assim, visto em pedaços, a produção de Ana Cañas nesses nove anos de carreira fonográfica é algo que merece ser visitado. Urubu Rei, por exemplo, é uma faixa esplendorosa e obrigatória. Vale conferir.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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