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Já faz alguns anos que Isabella Taviani acalenta o desejo de fazer um disco cantando Carpenters. Fã do duo norte-americano, já contam pelo menos cinco anos que a carioca planeja esse disco. Enfim, Carpenters Avenue saiu este mês pela Coqueiro Verde. Num design que exala beleza, nostalgia e leveza, Taviani até pegou a tipologia usada nos discos dos ídolos para assinar a capa do seu sexto disco.

E é exatamente essa a proposta de Carpenters Avenue: uma fã homenagear um ídolo. Para ouvidos chatos, o disco não traz nenhuma novidade. Os hits são certeiros e os arranjos demasiado tributários aos originais. No entanto, é notório que Taviani só queria se alimentar daquelas melodias que fizeram tanto sucesso nas décadas de 1960 e 70.

Tudo bem, é verdade que o disco não acrescenta nada às versões originais. We’ve only just bugun, Only Yesterday, Supertar, Solitaire são cópias das originais, embora um pouco esmaecidas pela falta dos arranjos orquestrais que os Carpenters usavam com tanta delicadeza. Nem a presença segura de Dionne Warwick na sempre belíssima Close to You acrescenta muita coisa. Isso garantiu uma caretice maior a um repertório que já ouviu muito essa mesma crítica.

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Isabella poderia ter feito tudo só ao piano? Poderia ter usado um power trio jazzístico? Poderia ter escolhido canções menos conhecidas? Poderia ter abrasileirado os arranjos? Poderia ter convidado Roberto Menescal e apelado para a sempre bem vinda bossa nova? Para todas as perguntas a resposta é sim e qualquer uma dessas ideias poderia ter um molho diferente ao disco. Diferente, não inédito ou inovador.

No entanto, repito, Carpenters Avenue é um disco de fã para ídolo. A mansidão da voz de Isabella Taviani mostra que ela não queria destoar dos climas bucólicos das canções originais. Aí valem três importantes ressalvas. Please Mr. Postman mudou um pouco o andamento, ficou bacana, mas pouca gente vai notar. Em meio a um repertório certeiro, Can’t Smile Without You é um lado B que se destaca pela imensa beleza. E Sometimes tem ninguém menos que Henry Mancini – numa inédita gravação cedida pela família – tocando piano na introdução. E, onde tem Manicini, tem ouro puro.

Em resumo, Carpenters Avenue pode ter seus pecados. Pode ter faltado ousadia para a intérprete criar um trabalho de fato marcante. No entanto, atende muito bem ao seu propósito: realizar o sonho de uma fã de se sentir um pouco mais perto dos seus ídolos, nem que seja por um breve tempo.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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