Queen 3_(c)Douglas Puddifoot (1)A proposta era tão ambiciosa que o risco de fracasso era tido quase como certeza por muitos dos envolvidos. Depois de três discos que garantiram certo respaldo, o Queen estava disposto a explorar ainda mais suas potencialidades como músicos e compositores num projeto que iria além do rock. Algum tempo antes, a banda havia demitido o empresário e decidido tomar conta da própria carreira. Além disso, o quarteto havia trocado de gravadora em busca de mais liberdade e independência.

Muitos milhares de libras e horas de estúdio depois, A Night At The Opera saiu no final de 1975, carregado de inovações e expectativa. Até ali, o Queen apostava num som pesado, quase metaleiro, focado na imensa intimidade que os músicos tinham com seus instrumentos. Essa virtuose foi elevada à enésima potência no disco que virou clássico ao longo do tempo. É esse período que ganha registro no filme Queen: A Night in Bohemia, que acaba de ganhar registro em CD e DVD e será exibido no cinema nos dias 5 e 10 de maio.

Queen 8_(c)Douglas PuddifootO concerto foi gravado pouco antes do Natal de 1975, no lendário e gigantesco teatro Hammersmith Odeon, de Londres. Neste mesmo palco, já pisaram outros muitos nomes da música pop, de Frank Zappa a Tears For Fears, de Pink Floyd a Kate Bush. Na época, transmitido ao vivo pela BBC, o show marcava um momento de transição da banda, quando eles deixavam de ser vistos pela imprensa como um “um novo Led Zeppelin” para se tornar parte da realeza do rock. Com áudio e vídeo remasterizados, o filme traz o Queen cuspindo fogo em performances vigorosas de Keep Yourself Alive, Killer Queen, Liar, Jailhouse Rock, entre outras.

No entanto, o grande momento de Queen: A Night in Bohemia é a primeira apresentação ao vivo de Bohemia Rhapsody. A balada de inspiração operística seria responsável pela grande virada da banda, com sua estrutura dividida em quatro partes. No filme, ela vem alocada em um medley, mas não perde sua força dramática (apesar de deixar o espectador sentido falta da famosa trama de vozes que marca o meio da gravação original).

A faixa colocada já no fim do lado B de A Night At The Opera é uma das principais responsáveis pelas expectativas sobre o lançamento do disco. Desacreditada pela gravadora, que não queria apostar numa música que começa à capela, explode num solo de guitarra e encerra com um lamento, Bohemia Rhapsody é uma junção de três outras músicas, como explica Freddie Mercury no documentário que acompanha o filme. Estranha da concepção à execução, ela ficou marcada pelo uso de elementos até então pouco (ou nunca) usados pela banda, como piano, sobreposição de vozes e um videoclipe que fez história.

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Ver Freddie Mercury, Brian May, John Deacon e Roger Taylor tocando juntos, em qualquer situação já é um deleite para qualquer fã de rock. Mas quando isso é exibido numa tela de cinema, com som de qualidade, a experiência torna-se ainda mais forte. A sinergia dos músicos é o que fez deles verdadeiras majestades da música moderna. Isso fica claro nos 90 minutos de uma apresentação que permanecia inédita para as novas gerações. O que veio a seguir já era de se esperar: plateias gigantescas, shows grandiosos e o topo das paradas do mundo inteiro.

Serviço:
Queen: A Night in Bohemia
Quando: dias 5 e 10 de maio, às 21 horas
Onde: UCI Iguatemi (Av. Washington Soares, 85 – Água Fria) e UCI Parangaba (Rua Germano Franck, 300 – Parangaba)
Quanto: R$ 40

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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