Foto: Marcelo Faustini / Divulgação

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Mariana Amorim (marianaamorim@opovo.com.br)
Paulo Renato Abreu (paulorenatoabreu@opovo.com.br)

Desde o início da década de 1970, Ney Matogrosso rompe tabus. Polêmico, exagerado e dono de uma voz inconfundível, o artista é um dos responsáveis por transcender as barreiras da música no País. Do grupo Secos & Molhados até sua última turnê, Atento aos Sinais, que ficará nos palcos até 2017, Ney não deixa de surpreender. E aos 75 anos, completados hoje, ele afirma em entrevista ao O POVO: “eu vou sempre estar transgredindo”.

Considerado um dos maiores interpretes do País e com 40 anos de estrada, Ney parece longe de decretar o fim de sua carreira. Ele diz que o entusiasmo que motivou aquele jovem em 1972, na época com 30 anos, a se juntar a João Ricardo e Gérson Conrad para formar o grupo Secos & Molhados ainda existe. Porém, agora, em um Ney mais confiante de si. “Eu ouvia dizer que o Brasil tinha uma mentalidade em que os artistas apareciam e desapareciam. E eu estou aqui até hoje, perdi a ansiedade em relação a isso”, declara.

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De fato, é impossível que a música brasileira esqueça a irreverência e ousadia trazida pelo sul-mato-grossense. Com uma discografia composta por 23 discos em estúdio, nove gravados ao vivo e outra série de especiais, a contribuição de Ney é incontestável. Seus shows ficaram marcados por suas apresentações performáticas onde, além de cantar, ele dança e envolve o público. O figurino, sempre foi um detalhe a parte. Maquiagens extravagantes, botas, plumas e assessórios completam a voz e o carisma de Ney. Mesmo com mais de sete décadas de vida, ele afirma não ter sentido o peso da idade.

“Eu sempre fui aberto pro mundo e a pessoa que eu sou transgride porque tudo é muito careta. E está cada vez mais careta mais do que já foi. Eu não faço isso para desafiar ninguém, eu vivo da maneira que eu acho que devo viver”, declara.

Em sua turnê atual, Atento aos Sinais, o artista apresenta seu lado moderninho. Do rap criolo até o jovem Dani Black, Ney passeia pela nova cara da música brasileira. Porém, ainda não tem planos para o futuro. “Até abril do ano que vem ainda vou estar fazendo show do Atento aos Sinais. Eu ouço algo que eu gosto e anoto sem preocupação ou pressa. Não estou preocupado”. Sobre a atual cena musical ele é categórico em dizer que não existe crise. “Falam que há uma crise, mas não acho que seja uma crise de criação. As pessoas estão fazendo, compondo. A dificuldade é de chegar ao público. Rádio, só se pagar”, e finaliza: “Felizmente não dependo disso. Meu foco sempre foi o show, o palco”.

Multimídia
Esta semana, o Canal Brasil vai exibir um especial com os show de Ney. Veja programação em http://goo.gl/ux4nfJ

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Mariana Amorim

Jornalista, apaixonada por comunicação e envolvida com música! Acha que uma bela canção pode mudar o mundo. Coleciona livros, discos de vinil, imãs de geladeira e blocos de anotação. Apaixonada pelos garotos de Liverpool e pelo rapaz latino-americano.

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