Novos singles de Gal e Zizi
Gal Costa apresentou mais um single do disco A pele do Futuro, esperado para 21 de setembro. Composição de Dani Black, Sublime é uma deliciosa dance music cantada com paixão. Mesmo sem o brilho de outrora, a baiana consegue uma ótima performance vocal nesta faixa que busca resgatar uma memória e um saudosismo dos tempos de Dancin’ Days. Junto com o single anterior, Palavras no Corpo, o novo disco da baiana promete ser mais interessante que o hiperestimado Estratosférica. Quem também lançou canção nova foi Zizi Possi. Amanhece foi enviada por Ana Carolina e permaneceu na guardada num email por mais de um ano. Zizi, como de costume, dá um banho de luxo à delicadíssima balada. O piano de Daniel Grajew, o violão de Vinicius Gomes e uma das mais belas vozes brasileiras. Ao fundo, nos teclados e e direção o maestro Ruriá Duprat. Só isso.

Confira o depoimento de Zizi, enviado à imprensa, sobre a faixa:

Por incrível que pareça, organizando meu computador, antes de deletar uma caixa de spams, não sei por quê, resolvi abri-la e fui surpreendida com um e-mail da Ana Carolina que estava lá há mais de um ano! Fiquei pasma e arrebatada com a música que havia no e-mail. Na época estávamos, José Possi Neto e eu, concebendo a dramaturgia musical que comporia o repertório do espetáculo ‘À Flor da Pele’, e ‘Amanhece’ entrou de cara no contexto dramatúrgico, expondo a fragilidade, o medo, a angústia que sentimos quando a insegurança bate. E como Ana resolve o poema, decretando que só suportaria todas essas torturas internas até este exato momento, o momento da decisão. Como o espetáculo fala exatamente disso, e a canção é belíssima, acabou se tornando uma espécie de ‘hino’ do show. Então, a vontade e os pedidos do público, me fizeram gravá-la”.

Inéditas de John Coltrane

O selo Verve lançou este mês o disco duplo Both Directions, com sessões inéditas de John Coltrane ao lado de McCoy Tyner (piano), Jimmy Garrison (contrabaixo) e Elvin Jones (bateria). São 14 faixas inéditas, nem todas batizadas. Entre as mais populares, Nature Boy, de Eden Ahbez. As sessões foram feitas em 1963 no estúdio do engenheiro de som Rudy Van Gelder, em Englewood Cliffs (Nova Jérsei). Rudy, sabem os jezzistas mais aficionados, é uma lenda do gênero. Diferente de um bootleg, Both Directions não é um apanhado de sobras de estúdio, mas um trabalho gravado, quase finalizado, que se manteve inédito por 55 anos.

A esquecida Leny Eversong

O Canal Brasil exibiu na última segunda-feira, 27, o documentário Leny, A Fabulosa, de Ney Inácio. Com depoimentos de Bibi Ferreira, Agnaldo Rayol e Ângela Maria, o filme conta a triste história da cantora Leny Eversong, um fenômeno dos anos 1950 que foi aplaudido por nomes como Frank Sinatra e Elvis Presley. Estouro no mercado internacional com seu grave potente, a cantora paulista – nascida em Santos no dia 1° de setembro de 1920 e falecida em 29 de abril de 1984 – teve uma queda vertiginosa de popularidade quando seu marido sumiu durante a Ditadura Militar sem ter envolvimento (aparente) com nenhum movimento político. Ele, literalmente, saiu pra comprar cigarros e não voltou. Tendo de abandonar a carreira para cuidar da família, a artista viu seu nome ser apagado dos letreiros e da memória nacional. O filme conta essa história de forma apressada, numa edição sem muita criatividade que deixa a personagem chamar a atenção por si só. Não existe muito o que fazer quando Leny canta com seu fraseado, timbre e potência únicos. O ponto alto fica para a pesquisa de imagens que resgata vídeos raríssimos de vários programas de TV do Brasil e do mundo. Tudo que é dito é comprovado e surpreende em pouco mais de 1 hora de filme. A única parte dispensável é uma suposta rasteira dada por Wilson Simonal, que teria roubado da artista um programa de TV. Fica estranho falar de um cara que, falecido em 2000, não tem como se defender nem ninguém que o faça. Por fim, em seu últimos momentos, Leny Eversong foi amargando, abandonando a música e, ao mesmo tempo, sofrendo com uma diabetes que a maltratou agressivamente e a fez perder as duas pernas. Quase nada dela está disponível em vídeo, disco ou memória. Leny Eversong. Eis um nome que merece ser redescoberto.

Homenagem a Belchior

Chegou ontem às plataformas digitais um single inédito do pianista cearense Ricardo Bacelar. Vício Elegante é uma parceria com Belchior que batizou o penúltimo disco do sobralense, lançado em 1996. O que era um rock bem radiofônico, virou uma balada erudita com cordas e piano. A instrumentista carioca Délia Fischer foi convidada para escrever os arranjos de cordas e produzir a faixa que ganhou clipe dirigido por Nando Chagas. Com preparação vocal de Felipe Abreu, é o próprio Bacelar quem assume os vocais na nova versão desta que é a última letra inédita gravada por Belchior. Em tempo: foi Ricardo Bacelar quem fez arranjos e direção musical do disco Vício Elegante, uma peça pouco valorizada na discografia de Belchior.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

View All Articles