Quinteto Agreste (Rodrigo Claudino/ Divulgação)

Por Ivig Freitas (Vida&Arte)

Tornando-se conhecido na década de 1970 em diversos festivais de música de Fortaleza, o Quinteto Agreste consolidou sua musicalidade na estética dos ritmos populares, na poesia levada aos palcos e na linguagem teatral. Após 43 anos de estrada, o grupo mantém suas raízes fincadas no chão do Nordeste e, desta vez, homenageia Patativa do Assaré, cuja poesia está gravada na trajetória do grupo cearense.

Em busca de traduzir o que há de mais significativo na identidade cultural do Ceará, o Quinteto Agreste apresenta o show Patativando no próximo sábado, 15, em apresentação gratuita no Theatro José de Alencar.”Fizemos um tributo ao nosso poeta maior, que sempre inspirou nossos trabalhos, já que o repertório do Quinteto está muito fincado na cultura popular brasileira e na cearense”, explica o músico Mário Mesquita que, no palco, assume os vocais e o violão de 12 cordas.

O show Patativando estreou em janeiro de 2017 e celebra os laços existentes entre o Quinteto Agreste e o poeta do Assaré, cuja amizade resultou em diversas parcerias artísticas com Mário Mesquita. Uma delas aparece na canção Seu dotô me conhece?, cuja estreia aconteceu no Festival de Música da Crédimus, em 1983. Com o show, o grupo se recompõe, se renova e se reinventa, ganhando mais “nordestinidade instrumental” em sua estética sonora.

Unindo o timbre fanhoso da rabeca às modulações do violão de 12 cordas, o espetáculo mergulha em um repertório de clássicos como A Triste Partida e outros arranjos feitos a partir da poesia de Patativa, como Vaca Estrela e Boi Fubá e Sina – esta última, uma parceria com Fagner e Ricardo Bezerra. Sol carnaubeira, eternizada pelo vocal do grupo, também será lembrada no palco do TJA, em um show cheio de nostalgia e regionalidade.

“Nós sempre procuramos dar uma forma muito pessoal aos arranjos, e isso é uma marca que atravessa toda a trajetória do grupo”, aponta o músico Tarcísio Lima, membro do Quinteto desde a formação original. “Procuramos divulgar também, além dos nossos músicos, a voz dos nossos poetas, intercalando com trechos de poesias que se relacionam nas canções”, conclui.

A ideia de montar um grupo de música nordestina nasceu há 44 anos, quando um trio de jovens cearenses foi convidado para tocar na Regata Dragão do Mar. No ano seguinte, eles ganharam mais dois integrantes, participaram de festivais, cantaram pelo Brasil e o trabalho resultou no primeiro disco independente feito por artistas cearenses, o LP Sol Maior, lançado em 1982. Desde então, eles lançaram Pássaro de Luz (1986) e Caminhando sempre (2003).

Atualmente, o Quinteto Agreste conta com a formação de Mário Mesquita (vocal e violão 12 cordas), Tarcísio Lima (baixo e vocais), Makito Vieira (rabeca, sanfona e vocais), Cumpade Barbosa (vocal e violão) e Ademir do Valle (bateria e voz). O grupo realiza shows em diversas partes do Ceará, e, mais recentemente, passou por Crato, Juazeiro e Nova Olinda.

Com diversidade vocal e instrumental, o Quinteto canta as alegrias, festividades da vida no Nordeste, mas também volta seus olhares para a saga do nordestino através da seca. “A chegada da estiagem muda profundamente a vida do nordestino, e nossa música reflete isso também”, explica Tarcísio, que também é diretor musical do grupo. “Ainda somos muito influenciados por Luiz Gonzaga, pelo Quinteto Violado, pela Banda de Pau e Corda, ambos de Recife, e pelo próprio Movimento Armorial, que é de extrema importância para nós”, finaliza.

Patativando
Quando: sábado, 15, às 17h
Onde: Theatro José de Alencar (rua Liberato Barroso, 525, Praça José de Alencar – Centro)
Gratuito
Telefone: (85) 3101 2566

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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