Um dos mestres do samba canção, autor de pérolas da melancolia e da tristeza dos amores mal resolvidos, Nelson Cavaquinho ganhou uma homenagem bastante curiosa. Perto da Lua, segundo álbum da carioca Jana Linhares, leva o repertório do conterrâneo para um mundo de guitarras, loops e climas eletrônicos. Produzido por Rodrigo Campello, o álbum alinha nove temas em releituras que causam estranheza, ora positiva, ora negativa. Tatuagem, por exemplo, ganha guitarras pesadas e vocais berrados por Vulgue Tolstoi. Já É tão Triste Cair confronta computadores com o cavaquinho de Pretinho da Serrinha para emoldurar o dueto com Filipe Catto, cantando com sua plácida emoção. Jogar um ritmo caribenho sobre Minha Festa também é bacana. Com recursos vocais limitados, Jana Linhares se esforça para dar emoção às canções, mas os arranjos chamam mais atenção num disco que ganha mais pela coragem do que pelo resultado. E é por isso que Perto da Lua não foge das comparações de tantas regravações impecáveis da obra de Nelson Cavaquinho, e são elas seu ponto fraco. O repertório se completa com Risos e Lágrimas, Eu e as Flores (essa com a participação de Nei Lopes), A Flor e o Espinho, Palhaço, Luz Negra e Lágrima sem Fim.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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