Por Thiago Chaves (prof.thiagochaves@outlook.com)

Ok…confessamos!!! Liam não é o nosso irmão favorito do rock britânico. Mas esquecendo preferências pessoais, o agora ex-garoto problema de Manchester prova que vai além e que o fim do Oasis fez bem para sua já consolidada carreira. Depois de dois discos fracos de sua segunda banda, Beady Eye, Liam entrou em estúdio e decidiu sair de lá apenas quando tivesse um material acima da média do que vinha da ilha e dar o seu melhor, principalmente como front man para duelar com Noel e banda. As you were, seu primeiro disco solo, que frequentou boa parte das listas de melhores discos de 2017 e que já foi assunto por aqui, nasceu dessa competição familiar.

Após a confirmação de que a volta do Acústico MTV em terras estrangeiras seria sua primeira gravação do formato – que era um clássico instantâneo na virada do século -, Liam surge cheio de baladas e harmonias bem elaboradas com guitarras e violões para serem acompanhados com atenção. Em seu novo disco, Why me? Why not, Liam teve companhia de gente como os produtores Greg Kurtin, Andrew Wyatt, Adam Noble e Simon Alfred que trazem no currículo artistas como Paul McCartney, Adele e Lady Gaga. O agora quarentão parece ter utilizado uma pesquisa de mercado e entendeu que seu público ocupa a casa dos 30 e 40 anos e por isso produziu pensando no consumidor final.

Mas também é impossível não perceber o recado para o irmão Noel em One of Us. Uma das melhores canções do disco e talvez a mais marcante de Liam. Representa o momento da vida em que dois irmãos, saídos da cinza Manchester e alçados ao topo da indústria musical, não se falam e que separados continuam a fazer a história da música inglesa.

“Vamos lá, eu sei que você quer mais
Venha e abra sua porta
Depois de tudo, você descobrirá
Você sempre foi um de nós
Aja como se não se lembrasse
Você disse que viveríamos para sempre
Quem você pensa que está brincando?
Você era apenas um de nós a tempo”

O material tem muito do rock dos anos 1960, mas vai além de uma simples homenagem ao som que o formou. O álbum Why me? Why not? passa longe de ser uma tentativa de reaver o Oasis. É o melhor material produzido por Liam a ponto de rivalizar com Noel e fazer o sarrafo subir para saber quem será o primeiro a ultrapassar o nome da antiga banda. Infelizmente, o Oasis parece mesmo ter ficado para o passado.

Seguindo a cartilha de produção musical dos anos 1990, o cantor inglês parece querer fazer frente ao som nostálgico que seu irmão tem se ocupado em reciclar e algumas vezes melhorar. É daqueles discos que tocariam direto nos fones de ouvidos da lojas de discos do início dos anos 1990. Se as composições ainda não são o forte de Liam, sua voz melhora consideravelmente a ponto de ser apontado como uma referência para os novatos que buscam seu lugar ao sol (além de se tornar o melhor cover de John Lennon. E isso não é uma crítica, muito menos uma depreciação… Muito pelo contrário).

Melancolia, glan rock, rock 60’s, britsh rock anos 1990 são os ingredientes desse disco que certamente ocupará mais listas de melhores do ano e que o fará novamente a sair em turnê para provar que que o irmão caçula cresceu e quer seu espaço também no banco de frente do carro. Noel terá trabalho… E nós… Bem… Certezas de grandes discos.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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