Depois de muita polêmica, briga na justiça, tentativa de censura e mais polêmica, o Porta dos Fundos anunciou detalhes do seu Especial de Natal 2020. Com o nome Teocracia em Vertigem, o grupo satírico vai adotar uma linguagem documental para alfinetar o cenário político brasileiro, com direito a questões globais e polarização. Ou seja, tome piada com tudo que vem sendo noticiado no Brasil.

E para anunciar a chegada deste filme, previsto para 10 de dezembro no YouTube do grupo, foi lançado hoje o clipe de Marcha do Demo, com participação de ninguém menos que Arnaldo Antunes. A música é uma versão do grupo Vestidos de Espaço, que, na verdade, era um projeto efêmero criado pelos Titãs no fim dos anos 1980. No clipe, que também é trailer, você pode ver cenas do filme, do making of e a participação de nomes como Gabriel Totoro, Antonio Tabet, Gregório Duvivier, Fábio Porchat, Noemia Oliveira e outros.

A banda Vestidos de Espaço nasceu durante as gravações do disco Jesus não tem dentes no país dos banguelas, quando os Titãs criavam canções sem sentido para matar o tempo. No estúdio carioca Nas Nuvens, do produtor Liminha, a turma se reunia pra tocar, gravar, trabalhar e se divertir, quando dava tempo. Assim nasceu Pipi Popô, que tornou-se hit chiclete em 1989, e Marcha do Demo, que contou com as vozes de Paula Toller e Jorge Mautner na gravação original, além de um riff de sax, tocado por Paulo Miklos que é puro deboche.

Na época do estouro de Pipi Popô, virou uma grande interrogação descobrir quem estava por trás da marcha carnavalesca onipresente no Brasil. Na mesma época, o País estava querendo saber quem havia matado Odete Roitman, vilã da novela Vale Tudo, interpretada de forma magistral por Beatriz Segall. Fazia parte da trama global não dizer o nome do (a) assassino (a), assim como os Titãs não queriam assumir a autoria de uma música boba feita só de brincadeira – fazia parte dela manter o segredo, inclusive. Pipi Popô se perdeu no tempo, mas a versão original de Marcha do Demo foi lançada em 2000 na série E-Collection, junto com outras raridades do octeto paulistano, como Fazendinha, outro fruto desse período.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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