Nos últimos tempos, diferentes redes sociais caíram no gosto do povo brasileiro. Mas, a forma de comunicação via internet costuma ser diferente, o que pode interferir e muito na escrita e consequentemente na prova de redação do Enem.

Prova de Redação do Enem

A tão temida prova de redação do Enem pode sim sofrer interferências da forma como você utiliza as suas redes sociais. Sabia? E isso para além de uma possível temática a ser explorada – nesse caso, a sua experiência na internet pode até ajudar. Isso porque a forma como se escreve textos, postagens e mensagens nas redes é totalmente diferente da norma culta e mais assertiva normalmente cobrada e exigida nas provas de vestibulares, como o caso do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) .

Nesse cenário, todo cuidado é pouco, aponta Priscila Maini Pinto, professora de português e redação do Colégio Academia, de Juiz de Fora.

“É preciso atenção com o que a gente encontra nas redes e com o que se produz. Primeiro, porque a rede social tem um caráter informal muito grande e não podemos confundir essa informalidade com o texto do Enem, que nos exige a produção dentro da norma culta padrão e de maneira muito intensa uma atenção a gramática, que é o que a competência um faz.”

Porém, o espaço virtual pode também oferecer dicas e ensinamentos preciosos para quem está passando pelo momento de preparação para a prova do Enem, que acontecerá neste ano nos dias 21 e 28 de novembro. “Temos repensado muito, especialmente nos últimos meses, a nossa forma de comunicação de conteúdo e produção. Nosso ‘mindset’, voltado para um ensino em que a troca e as influências externas eram poucas, teve que se adaptar ao fato de que ‘somos muitos professores dentro de uma sala de aula’, compartilhando e construindo conhecimento com uma pluralidade de estudantes.”

“Assim, o espaço virtual contribui com a abertura para se complementar as informações dadas pela escola, ampliando ainda mais o interesse do aluno para determinado assunto, já que, com as redes sociais, é possível, não só ter acesso a conteúdos, como escolher qual o perfil de linguagem melhor se adequa à minha forma de estudar. Consequentemente, o estudo se torna mais individualizado e adaptado, e o produtor do texto, mais atualizado, o que dá maior segurança e qualidade para a elaboração da redação”, afirma Ana Carmelita Silva, professora de português e redação do Colégio Arnaldo, de Belo Horizonte.

Apesar disso, ela mesmo chama atenção para os riscos desse conteúdo on-line: “nem tudo são maravilhas no uso do espaço virtual. É preciso haver filtros e limites. As chamadas ‘fórmulas mágicas’, irresponsavelmente prometidas por alguns professores, são, somente auxiliares na construção do domínio da escrita e são apenas formas complementares de estudo. Além disso, é preciso que o aluno tenha noção de que o uso da rede social para pesquisa e preparação antes da produção de texto não é o mesmo que usá-la para divertimento.”

Acrescento ainda, o cuidado com a adaptação da linguagem: o gênero dissertativo-argumentativo é extremamente formal, por isso o vício no ‘internetês’ e nos emojis deve ser combatido veementemente. Assim, a utilização dos meios virtuais não deve ser proibida, mas motivada com o devido planejamento e acompanhamento”, reforça.

Com toda essa herança da internet, na opinião de Priscila Maini Pinto, as redes sociais tendem muito mais a atrapalhar do que otimizar o tempo e a qualidade do estudo. E isso muito tem a ver com o fato de que, além de ter o perigo da interferência na escrita ou do contato com conteúdos nem sempre confiáveis, ainda há a distração. “Eles usam muito mais as redes como uma forma de distração, e isso acontece não só com os adolescentes, porque quando a gente se dá conta a gente perdeu um tempo enorme e vê que não produziu nada de fato, e ficou entretido ali. Então, pode muito mais atrapalhar do que ajudar na escrita.”

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Não se renda às redes e aplique estudo de qualidade!

Antes de mais nada, é muito importante saber controlar o tempo em que se dedica às redes sociais, bem como aos estudos. Por isso, uma das formas mais eficazes de se evitar a interferência do uso das redes sociais no desempenho na prova de redação do Enem é planejando, a começar pela elaboração de um cronograma de estudos. Porém, é importante fazer esse planejamento com assertividade, explica Ana Carmelita Silva.

“Muitos estudantes caem em uma armadilha armada por eles mesmos: distribuir conteúdos e horários, desconsiderando momentos de descanso e lazer. Isso torna o dia de estudo desmotivante, consequentemente, com o passar de duas ou três semanas, o planejamento é abandonado e passa-se a estudar somente conteúdos de preferência própria. Há muitas metodologias para divisão do tempo, e é preciso muita pesquisa, teste e acompanhamento. Além, é claro, da preocupação com as afinidades (matérias com que o aluno se identifica devem estar mescladas com outras, para motivar o estudo).”

Priscila Maini Pinto concorda. Segundo ela, é muito importante que este planejamento tenha como cerne a divisão de tempo para lazer e estudos. Deste modo, é preciso que o estudante entenda e coloque em prática o hábito de, nos momentos de fixação e aprendizado, o uso de celulares e computadores seja limitado a redes de auxílio apenas. “Assim, o tipo de uso é diferente. Eu posso ter ali nas mãos um aplicativo e uma rede que vai me orientar e me ajudar para o estudo ou eu posso ter também o meu momento de lazer.”

“Então, a dica de ouro é ter consciência de separar o momento em que você vai estudar e estar com computador e celular na mão para essa finalidade e o tempo em que estou ali relaxada ou relaxando sentada no sofá e vendo a vida alheia e rindo dos memes. Então, tem que ter os dois momentos, mas sabendo separar de fato, com planejamento.”

Ana Carmelita completa a lista de dicas com equilíbrio. Isso mesmo. De acordo com a professora do Colégio Arnaldo, não adianta passar uma noite inteira sem dormir para estudar e, depois, não render nada durante os próximos dias. A socialização, as risadas, brincadeiras e jogos fazem parte da construção de um lado emocional forte, por isso devem estar computados em momentos específicos no planejamento de todo estudante. “Ao estudar, é muito importante que sejam feitas sequências mais longas de exercícios, afinal o Enem é uma prova cansativa e a preparação física e mental devem estar em linha com a prova.”

“O cronômetro deve ser seu companheiro: uma das maiores dificuldades dos participantes é a administração do tempo. É importante que, nessa reta final, o aluno esteja ciente de quanto tempo em média está gastando para resolver questões e fazer redação. Quanto mais se treina e se controla, mais se consegue acalmar os nervos na hora da prova. Não diminua os seus sentimentos: se está ansioso, compartilhe isso, procure alguém para conversar. Nossa condição psicológica é tão importante quanto o nosso domínio sobre conteúdos”, recomenda.

About the Author

Eduardo Siqueira

Um jornalista que ama Educação. Minhas experiências me fizeram imergir no universo da Educação, sentindo todo o seu poder transformador e percebendo o quanto ela ainda precisa de apoio. Aqui, busco fazer minha parte e ajudar as pessoas a compreendê-la nem que seja um cadinho.

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