Com a pandemia da COVID-19, muitas mães podem estar com receio de amamentar seus bebês por medo de infectá-los com o novo coronavírus. Uma revisão sistemática das evidências científicas disponíveis feita pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que as recomendações sobre o contato mãe-bebê e aleitamento materno devem se basear em uma consideração ampla, não apenas nos riscos potenciais da COVID-19 para o bebê, mas também dos riscos de morbidade e mortalidade associados ao não aleitamento e uso inapropriado de fórmulas infantis.

Até o momento, a transmissão ativa da doença por meio do aleitamento materno não foi detectada. Por isso, recomenda-se que mães com suspeita ou confirmação da COVID-19 sejam estimuladas a iniciar ou continuar amamentando seus bebês e crianças pequenas, pois os benefícios do aleitamento materno superam consideravelmente os riscos potenciais de transmissão do novo coronavírus.

“Deve-se permitir que a mãe e o bebê permaneçam juntos em alojamento conjunto durante o dia e à noite e pratiquem o contato pele a pele, inclusive o método canguru, especialmente logo após o nascimento e enquanto estabelecem a amamentação, mesmo se elas ou os bebês tenham suspeita ou confirmação da COVID-19”, informou o documento científico publicado em junho deste ano pela OPAS e OMS.

A OPAS e a OMS recomendam o aleitamento materno até os 2 anos ou mais e exclusivo até os primeiros seis meses de vida. “O leite materno é a melhor proteção natural para a criança e para a mãe. As crianças amamentadas adoecem menos. O risco de infecção pela COVID-19 é baixo, já as consequências de não amamentar podem ser significativas. A amamentação também protege as mães do câncer de mama e as crianças do sobrepeso e da obesidade”, afirmou a consultora nacional em nutrição e atividade física da OPAS/OMS no Brasil, Luisete Bandeira.

A revisão sistemática das evidências apontou que ainda não há informações suficientes para se chegar a uma conclusão sobre a transmissão vertical da COVID-19 por meio do aleitamento materno. No entanto, considera que, em bebês, o risco de infecção pelo novo coronavírus é baixo e a infecção é geralmente leve ou assintomática, ao passo que as consequências de não amamentar e separar a mãe da criança podem ser significativas. “Neste ponto, parece que a COVID-19 em bebês e crianças representa uma ameaça bem menor à sobrevida e saúde do que outras infecções, contra as quais o aleitamento materno protege”.

É importante que, ao amamentar, as mães com confirmação ou suspeita da COVID-19 adotem medidas de prevenção e controle de infecção para evitar transmitir o novo coronavírus por contato a seu recém-nascido ou bebê, como:

– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou higienizá-las com álcool em gel, principalmente antes de tocar no bebê;
– Se possível, usar máscara médica (cirúrgica) durante qualquer contato com o bebê, inclusive durante a amamentação. Se a mãe não tiver acesso a uma máscara médica, deve amamentar da mesma forma;
– Espirrar ou tossir em um lenço de papel e descartá-lo imediatamente após o uso, além de lavar as mãos novamente;
– Limpar e desinfetar rotineiramente as superfícies em que se toca com frequência.

Benefícios da amamentação para o bebê e a mãe

A amamentação exclusiva até os seis meses traz muitos benefícios para o bebê e a mãe. A principal delas é a proteção contra infecções gastrointestinais. O início precoce do aleitamento materno, dentro de 1 hora após o nascimento, protege o recém-nascido de adquirir infecções e reduz a mortalidade neonatal.

O risco de mortalidade devido à diarreia e outras infecções pode aumentar em bebês que são parcialmente amamentados ou que não amamentaram. O leite materno também é uma fonte importante de energia e nutrientes para crianças de 6 a 23 meses. Pode fornecer metade ou mais das necessidades de energia de uma criança entre as idades de 6 e 12 meses, e um terço das necessidades de energia entre 12 e 24 meses.

Crianças e adolescentes que foram amamentados quando bebês têm menos probabilidade de apresentar sobrepeso ou obesidade. Além disso, têm melhor desempenho em testes de inteligência e têm frequência escolar superior. A amamentação está associada a maior renda na vida adulta. Melhorar o desenvolvimento infantil e reduzir os custos de saúde resulta em ganhos econômicos para famílias individuais, bem como em nível nacional.

A amamentação de longa duração também contribui para a saúde e o bem-estar das mães: reduz o risco de câncer de ovário e de mama e ajuda a espaçar gestações – a amamentação exclusiva de bebês com menos de seis meses tem um efeito hormonal que geralmente induz a falta de menstruação. Este é um método natural (embora não à prova de falhas) de controle de natalidade conhecido como Método de Amenorréia Lactacional (LAM).

FONTE: ONU

About the Author

Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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