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Onde andará Dulce Veiga? é o segundo romance, de Caio Fernando Abreu. Publicado nos anos 90, o livro tem um quê de filme e impõe ao leitor uma busca de vários sentidos e caminhos, ao longo das páginas. É livro totalmente com o enredo cinematográfico, tanto é que já foi adaptado para as telas. Não se sabe se a perseguição a Dulce é mero faro jornalístico do personagem ou se é uma a necessidade de algo que faça sentido e contenha respostas – a grande ferida dos considerados pós-modernos. Eu li o e-book, mas já encomendei um exemplar à livraria, tenho  e preciso ter o livro impresso.

O livro conta a história de um jornalista fracassado, cuja vida é recheada de contradições e lacunas. De repente, ele se vê mergulhado no mistério do desaparecimento da cantora Dulce Veiga e a partir disso entra em contato com tudo o que o atormenta. Caracterizando uma geração dos anos 80, cheia de mazelas herdadas da época repressiva da ditadura, Caio veste os personagens com o excesso dos que sentem demais e dos que não sabem lidar com si mesmos. Tudo é real, tocável e pede pressa, inclusive o leitor.

A perseguição por respostas é contínua ao longo do livro. Sejam elas no âmbito do medo, da sexualidade, da falta de sentido. Tudo corrói aos poucos. Adepto dos que vivem realmente e não apenas mudam o dia no calendário, Caio descreve um homem repleto de paranoias e que de tão típico, assusta. A cada página um aviso: olha o que você pode ser. Ler Onde andará Dulce Veiga? é a certeza que dali não se sai mais o mesmo.

 

Abri o chuveiro, mas a água fria não conseguia resgatar aqueles restos e reflexos de imagens perdidas, viradas pelo avesso. Entre os pêlos negros do peito, contei à toa dois fios inteiramente brancos. Amanhã, serão três pensei. Depois dez, cem. Mil, em direção a quê? (ABREU, 2003, p. 76)

– São tudo histórias menino. A história que está sendo contada, cada
um transforma em outra, na história que quiser. Escolha, entre todas elas, aquela que seu coração mais gostar, e persiga-a até o fim do mundo. Mesmo que ninguém compreenda, como se fosse um combate. Um bom combate, o melhor de todos, o único que vale a pena. O resto é engano, meu filho, é perdição.
(ABREU, 2003, p. 204)

 

Eu super sugiro a leitura meus caros leitores, eu acabei de ler o livro e não vejo a hora da edição impressa chegar na livraria que eu encomendei para ler novamente. É muito bom, rico em detalhes, na cultura dos anos 90 e tudo mais. Fica aqui a dica.

 

 

Texto: Eduardo Sousa || Imagem: Internet