Saúde: concursos para regularizar contratados levantam receios em Bragança

por Agência Lusa, Publicado em 24 de Agosto de 2010

 

Os concursos para integrar na Função Pública profissionais de saúde com contrato estão a gerar protestos no Nordeste Transmontano por receio de que possam esvaziar valências nos centros de saúde apontados como modelo no país.

Todas as unidades do Agrupamento de Centros de Saúde do Nordeste (ACES-Nordeste) estão dotadas de valências que só existiam nos hospitais, asseguradas por 39 profissionais a contrato.

A Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) abriu os concursos para regularizar a situação destes profissionais, porém apenas menos de metade das vagas, 18, se destinam ao distrito de Bragança, com a maioria distribuída pelo resto da região Norte.

De acordo com dados oficiais a que a Lusa teve acesso, no Nordeste Transmontano existem 10 técnicos de saúde ambiental e foram abertas duas vagas, o mesmo número para os 14 fisioterapeutas e nenhuma para análises clínicas e podologia, apesar de haver um profissional contratado em cada.

Apenas terapia da fala e radiologia têm o número de vagas equivalentes, duas na primeira e oito na segunda.

Para os três contratados de cardiopneumologia abriu apenas uma vaga nesta zona.

“A ARS pegou nos nossos técnicos e distribuiu essa vagas por toda a zona Norte. É um erro”, disse à Lusa a presidente da Câmara de Alfândega da Fé, Berta Nunes.

A autarca socialista foi uma das responsáveis, nas funções de presidente do ACES-Nordeste, pela instalação em todos os centros de saúde da região destas valências.

“Nós temos centros de saúde que são exemplo nacional, reconhecidos com a marca de atendimento de qualidade”, lembrou a autarca, para quem “todo o investimento e trabalho realizados iriam ser destruídos”.

A autarca até compreende que “a ARS também queira dotar os restantes centros de saúde com estes serviços, mas não pode ser feito à custa do ACES – Nordeste”.

A autarca lembra que “dantes, um doente de Freixo de Espada à Cinta que tivesse um AVC tinha de se deslocar mais de uma hora a Macedo de Cavaleiros para fazer fisioterapia”.

Da mesma forma, pessoas de todo o Distrito com problemas de asma só podiam realizar uma espirometria em Bragança, assim como eram também obrigados a deslocações para fazer um eletrocardiograma.

“As distâncias faziam muitas vezes com que as pessoas desistissem dos tratamento e não podemos voltar ao que tínhamos dantes”, referiu.

Berta Nunes disse que, em conjunto com outros colegas expôs o caso ao deputado do PS por Bragança, Mota Andrade que confirmou à Lusa “as preocupações de autarcas e profissionais”.

Mota Andrade disse ter, entretanto contactado o secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro que “garantiu que nesta região tudo permanecerá na mesma”, embora os concursos continuem a decorrer nos mesmos termos.

Contactada pela Lusa, a ARS-Norte respondeu por escrito que “com a abertura de concursos que estão em andamento, pretende não só tentar eliminar situações precárias ainda existentes como, fundamentalmente, não colocar em causa a prestação de serviços na área (de Bragança) retirando recursos onde estes são necessários.

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Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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