POR: Henrique da Mota (Médico)

Com o objetivo de fazer uma apresentação em um congresso sobre os mitos e as verdades nos tratamentos dos problemas da coluna vertebral, iniciei um estudo na literatura médica sobre aspectos ligados aos tratamentos de fisioterapia, tratamentos medicamentosos e tratamentos cirúrgicos, e fiquei de queixo caído ao perceber o grau de corrupção de valores que reina neste assunto.

O fato é que a maioria das técnicas fisioterápicas, medicamentosas e até mesmo cirúrgicas não encontram motivo médico-científico para existir. Existem por força de uma construção de interesses não-médicos que são ditados pelas corporações industriais que lucram com a mercantilização da medicina.

A princípio, ao ler alguns artigos, eu pensei “esses sujeitos devem ser adeptos destas teorias conspiratórias”, mais ou menos como aqueles caras dos OVNIs, mas a coisa, infelizmente, não era bem assim; era verdade mesmo. Tomemos o caso das drogas usadas na osteoporose…

John Abramson, professor de clínica da Escola de Medicina da renomada Faculdade de Harvard, revela que “fingir cuidar da saúde das pessoas é apenas parte de uma estratégia das indústrias ligadas à medicina para aumentarem suas vendas”. A afirmação já é suficientemente grave, mas o professor vai mais além e mostra o problema com riqueza de detalhes que me deixou estarrecido.

Disse que uma das estratégias da indústria é patologizar (ou seja, tranformar em doença) situações humanas normais como a menopausa e o envelhecimento. Saturando nossas fontes de informações, a indústria médica convence a maioria das pessoas que elas estão doentes e que a resposta, a solução mágica, vem com medicamentos ou procedimentos médicos de alto custo, distorcendo a verdade em nome do lucro. Isto é muito grave.

O CASO DA OSTEOPOROSE

A maioria das mulheres na pós-menopausa se preocupa com o enfraquecimento de seus ossos, e a fratura do quadril é mais temida, quando nós sabemos que um quarto das pessoas morrerá dentro de um ano após esta fratura. Mas um exame de densitometria óssea pode mostrar o grau de perda óssea e dizer se você tem osteopenia ou osteoporose, e dar início ao uso de um ou vários dos muitos medicamentos disponíveis no mercado para aumentar sua massa óssea. Você já deve estar pensando em marcar uma consulta médica para fazer isto, certo?  Mas, para o seu bem, leia isto que eu vou dizer.

Até o princípio dos anos 80, pouco se falava da osteoporose. O interesse surgiu com a necessidade do desenvolvimento de uma estratégia de mercado para por a venda um medicamento que antes era usado para menopausa , e que perdeu espaço quando começaram a surgir constatações de que ele causava aumento de índices de câncer e problemas cardíacos, contrariamente ao que propunha. Foi um escândalo, ao descobrirem que muito do que dava embasamento a seu uso era fraudulento. O grande promotor deste tratamento, Dr Robert Wilson, por ironia do destino, teve sua esposa entre uma das vítimas deste remédio, e cometeu suicídio. Uma tragédia privada que expressa a tragédia causada à população, pois  calcula-se que esta conduta tenha causado mais de 94.000 casos extras só de câncer de mama, sem contar os outros problemas. Mas o que importa, se houve grande lucro?! Eu me lembro até de minhas aulas nos ambulatórios de ginecologia da faculdade de medicina, quando tínhamos leituras de revistas internacionais e discutíamos, com fé o que hoje sei que são falsas verdades. Estávamos sendo enganados.

Mas coisa não para por aí…

Em 1993, a Organização Mundial da Saúde, em Genebra, estabeleceu definições clara para definir a “doenças” osteopenia e osteoporose. O que apurou o Dr John Abramson, foi que os trabalhos deste grupo de estudo da OMS foi bancado por três laboratórios particularmente interessados no assunto: Rorer Foundation, Sandoz e SmithKline Beecham. Claro, um patrocínio não necessariamente derruba a conclusão do grupo, mas quando se nota que os interesses foram altamente beneficiados, pode-se desconfiar de alguma coisa.

De acordo com a classificação da OMS, na casa dos 50 anos, mais da metade das mulheres teriam osteopenia e desta forma “necessitariam” usar medicamentos preventivos da osteoporose; e aos 70 anos, mais da metade das mulheres teriam osteoporose, necessitando de tratamento desta condição. Desta maneira, de um dia para a noite, a OMS transformou uma parte expressiva das mulheres do mundo em “doentes”. Estranho, não?

O grande problema é que, sem nenhum tipo de tratamento, o índice de pessoas que NÃO tem fraturas de quadril é de 99,5% e o com o tratamento o índice é de 99,8%. Tudo bem, pode-se até dizer que houve uma mínima melhora, mesmo que clinicamente questionável, mas o que não se diz é que o dobro de resultado pode ser obtido apenas com a prática de duas horas de exercícios por semana, sem usar nenhum tipo de remédio, e que se for realizada metodologia de prevenção de quedas, este índice melhora ainda muito mais que com qualquer remédio, quanto ao risco de fraturas.  Entendeu a malícia?

Fonte: http://www.centromedicodacoluna.com.br/

About the Author

Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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