Fomos entrevistado pelo jornal O POVO, sobre sites de vendas coletivas para caderno publicado no dia do fisioterapeuta. Vejam na ìntegra a entrevista.

Por: Mariana Lazari

 OP:  Qual a sua opinião sobre a comercialização de serviços de fisioterapia e terapia ocupacional em sites de compras coletivas?

Jorge Brandão: Não é o nosso propósito a comercialização e falo isso sem nenhuma hipocrisia,  até me agrada muitas vezes as ofertas, mas as situações ofertadas são absolutamente diferentes, como alguém pode comprar um tratamento se a mesma não sabe se necessita ou se ele é favorável  a sua saúde, nós podemos escolher um determinado pacote de viagem ou uma determinada pizza.  Certamente não podemos determinar que antiflamatório ou analgésico deve-se tomar sem prescrição, apenas avaliando preço ou algum tipo de vantagem financeira. Da mesma forma se faz necessário uma avaliação previa de um fisioterapeuta e assim, surgem  tratamentos prescritos dentro de padrões éticos.

 OP:    Quais são os riscos para quem compra esses serviços?

Jorge Brandão:  Devemos acreditar que esse tipo de proposta gera uma expectativa e assim uma demanda  desfavorável, dependendo da capacidade de atendimento. Profissionais de saúde devem zelar pela qualidade e não pela quantidade.  Assistimos isso com os planos de saúde, vejam as paralisações de atendimentos e dificuldades que as pessoas encontram para ser atendidas, o que nos leva a crer em uma  catástrofe tanto no processo de risco ao paciente, quanto na impossibilidade de  não responder a expectativa, gerando frustração e criando meios ilícitos para atender a essa demanda, no caso da fisioterapia o mais comum é  a contratação de estagiários, estudantes atuando como profissionais, para suportar   a quantidade de clientes  por menor custo. Já que estamos diante  de um processo de  receita inicial negativa, fechando as portas da empregabilidade para novos profissionais.

 OP:      Como o senhor avalia a decisão do Conselho Federal de proibir a venda? Por que, na sua opinião, houve essa decisão?

Jorge Brandão:  Nossa legislação já prevê situações como essa tanto pelos aspectos citados quanto pelas questões éticas relacionados à concorrência desleal, os preços cobrados por esses sites, conseguem algumas vezes ficar abaixo dos preços pagos pelos planos de saúde. Hoje a fisioterapia no  Brasil vive um momento delicado, ou o conselho toma ações drásticas  ou teremos um grande fechamento de clínicas por não haver condições de sustentabilidade, seria um grande prejuízo a sociedade, por que ficariam sem essa assistência,  esse modelo já praticamente inexistente nas redes de saúde publica, para se ter idéia não há concursos para fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, ao mesmo tempo se não me falhe a memória são nove instituições de ensino superior formando novos profissionais no Ceará. Precisamos sim de um conselho atuante para fazer pressão, por que sabemos que esse processo não pode está sujeito a prosseguir por meios mais fáceis como é o caso dos sites de vendas coletivas e sim por meios que venham favorecer a sociedade, respeitando a dignidade desses profissionais que precisam ser absorvidos pelo mercado.

 OP:      O senhor já foi procurado por sites de compra coletiva para ofertar os serviços? Como agiu? E como o senhor recomenda que devem agir os profissionais da área quando procurados por esses sites?

Jorge Brandão:  Não creio que sejamos procurados e sim o contrário. A forma desrespeitosa pelas quais os profissionais são submetidos os faz procurar esse caminho e temos que deixar claro, não estamos falando de criminosos e sim de profissionais com uma visão de crescimento futuro dos  seus negócios e  essa é a  proposta dos sites, diminuindo os investimentos em marketing, publicidade e outras ações o serviço consegue atingir  de forma mais rápida o publico com menor custo. È óbvio que dentro de um  plano de negócio  é apenas mais  uma estratégia. Nossa opinião contrária não está pautada na visão de que profissionais de saúde são sacerdotes e não devem falar das questões de mercado ou financeira. Isso é tolice, principalmente por que o Brasil tem uma violenta carga tributária e alguém tem que pagar essa conta,  outro fator é  que para ser um profissional qualificado precisa-se  dispor de um valor alto e ainda tem todos os custos pessoais. Somos sim contrário a esse tipo venda,  pelo fato de não podermos vender antes de saber o que o cliente necessita, em nosso caso quem sabe o que o cliente precisa são os profissionais, essa clientela sabe o que quer. Seja sair de um processo de dor até as questões relacionadas à estética. Talvez esse processo nos traga em um futuro próximo uma solução que beneficie a sociedade e aos donos desses serviços.

 OP:     Qual o alerta o senhor deixa para as pessoas que querem comprar esses serviços de saúde nos sites?

Jorge Brandão:  Primeiro elas precisam saber o que elas querem comprar,  há toda uma pressão de mídia para comprar e isso leva ao consumo desenfreado causando prejuízos irreparáveis, podemos citar  por exemplo alguém tem dor na coluna,  abre o site e tem oferta de pilates, é óbvio que a pessoa vai comprar o tal do “pacote” pelo preço, conheço muitas pessoas que fazem isso. Um grande erro, primeiro pilates não é analgésico e sim um meio utilizado por fisioterapeutas na busca de estabilização do aparelho locomotor,  exemplo disso é reeducação postural, além de benefícios respiratórios e muitos outros, mas é preciso investigação dessa dor, realização de exames complementares e análise de outros profissionais da saúde.

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Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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