Netflix renovou Narcos para mais duas temporadas (Foto: Divulgação)

Netflix renovou Narcos para mais duas temporadas (Foto: Divulgação)

O sucesso da série Narcos, da Netflix, renovada até a quarta temporada, não refletiu tão bem na realidade da família de um dos maiores narcotraficantes da história. O escritor e arquiteto colombiano Sebastian Marroquin assistiu a segunda temporada da série e apontou 28 erros da narrativa em postagem no Facebook. Ele tem autoridade para falar sobre o assunto. Sebastian é filho de Pablo Escobar.

Conforme a revista Super Interessante, o fato de ter nascido com o nome de Juan Pablo Escobar resultou numa rotina incomum para ele. Sebastian mora na Argentina, mas antes de chegar lá precisou se esconder em alguns lugares porque estava sendo perseguido.

Selecionamos 10 dos 28 pontos levantados por Marroquin. Confira:

1 – Conforme o escritor, a mãe de Escobar, Hermilda, teria sido bem pior que a versão retratada na série. O neto conta que, ao contrário de ser uma apoiadora de Pablo, a matriarca teria se juntado a seu filho mais velho Roberto e se tornaram colaboradores e informantes do Cartel de Calí e Los Pepes. “Teria gostado muito de ter essa versão tão terna de minha avó que pintam na série”, escreveu Sebastian.

2 – A série mostra o protagonista torcendo pelo Atlético Nacional, mas Juan diz que o pai era fanático pelo Deportivo Independiente Medellín. “Se não sabem dizer o time favorito de Pablo, como se atrevem a contar o resto da história?”, o filho escreveu.

Sebastian assinou o livro Pablo Escobar - Meu Pai com seu nome verdadeiro, Juan Pablo Escobar (Foto: Divulgação)

Sebastian assinou o livro Pablo Escobar – Meu Pai com seu nome verdadeiro, Juan Pablo Escobar (Foto: Divulgação)

3 – O cunhado de Escobar, Carlos, aparece como parte da operação de Pablo. após retornar à Colômbia de um período em Miami. Sebastian desmente essa história. Ele afirma que Carlos não era traficante e nem morou nos Estados Unidos. A Revista Super Interessante levantou informações de jornais colombianos que apontavam Carlos como contador. O sobrinho detalha que o tio, na verdade, fazia de tudo. Trabalhou com construção de casas, vendia Bíblia e até auxiliou Pablo em empreitadas legais.

4 – A série dá a entender que o Cartel de Calí teria crescido nos Estados Unidos, investindo em Nova York e deixando Miami para Pablo. Juan explica que a divisão era necessária porque a demanda era maior que a oferta e o mercado sobrava para os cartéis colombianos.

5 – Um ponto característico da segunda temporada é a mudança da família Escobar para mansões enquanto ele esteve preso. Sebastian diz que nessa fase a situação já não era tão luxuosa como mostra a série. “Vivíamos em cortiços, não em mansões”.

6 – A morte dos sócios Moncada e Galeano contribuiu para a queda de Escobar. A diferença entre a série da Netflix e a vida real é que, segundo Sebastian Marroquin, eles foram sequestrados pelo Cartel de Calí e prometeram se tornar informantes em troca da vida. Pablo descobriu. Ele mandou uma ordem de perdão para Moncada, mas a morte chegou antes.

7 – Sebastian explica que existia uma espécie de código de honra entre os cartéis, havia uma regra de não envolver familiares nos negócios e em ameaças. Logo, o ataque no casamento de Gilberto Rodriguez, chefão do Cartel de Calí, não passaria de ficção.

8 – A série da Netfix misturou os irmãos Priscos, uma das famílias de narcotráficos que aparecem na segunda temporada. Ricardo era narcotraficante, mas morreu antes do período exibido nos episódios. Segundo Sebastian, ele tinha um irmão médico que não se envolvia com atividades ilícitas.

9 – Conforme a publicação de Juan, a família Escobar nunca recebeu telefones especiais do pai. Eles usavam os próprios aparelhos do hotel e estavam cientes do risco da ligação ser rastreada. “Eu desligava toda a vez que ele me ligava, para protegê-lo. Ele me disse a vida toda que o telefone era a morte”, escreveu.

10 – O último telefonema que a família recebeu de Pablo foi feito no dia em que ele foi encontrado em Medellín. Sebastian acredita que a ligação de despedida contribui para o que ele acha que realmente aconteceu. “Meu pai se suicidou, como me disse que faria dezenas de vezes. Não me surpreende que o tiro que o matou tenha sido a dois milímetros de distância, onde sempre me jurou que atiraria”, explana. Ainda segundo Juan, a operação que terminou com a morte de Escobar foi liderada por Carlos Castaño, que teria relatado a situação pessoalmente à Maria Victoria Henao, a Tata da vida real, e não pela Polícia.

About the Author

Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

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