Repertório traz canções memoráveis e a inédita "Não Reclamo (Essas Canções de Amor)", musicada por Sideral a partir de um poema de Cazuza (Foto: Antônio Andrade)

Repertório traz canções memoráveis e a inédita “Não Reclamo (Essas Canções de Amor)”, musicada por Sideral a partir de um poema de Cazuza (Foto: Antônio Andrade)

A poesia de Cazuza ressurge em Fortaleza nesta quinta-feira, 6, com o show ‘Flausino & Sideral cantam Cazuza’. Os irmãos Rogério Flausino, do grupo Jota Quest, e Wilson Sideral retornam ao tempo de adolescentes, quando montaram a banda Contacto Imediato. De lá pra cá já são mais de 30 anos, e agora, pela primeira vez em turnê juntos, eles celebram a carreira, a arte do ícone e ajudam a espalhar a mensagem da Sociedade Viva Cazuza, que cuida de crianças que vivem ou convivem com a Aids.

“Nós vivemos intensamente os anos 1980. Aquilo mexeu muito com a gente. Foi uma época importante pra formação artística e pessoal”, conta Sideral, por telefone ao O POVO Online. Foi nesse período que Agenor de Miranda Araújo Neto, Caju para os amigos e Cazuza para o mundo, surgiu no Barão Vermelho, com quem gravou quatro discos, incluindo o registro do show ao vivo no Rock in Rio (1985). No mesmo ano, lançou Exagerado, sua estreia como artista solo.

O repertório costura todas as fases do poeta, com hits como “Beth Balanço”, “Ideologia”, “O Tempo Não Pára” e “Pro Dia Nascer Feliz”. Os clássicos “Codinome Beija-Flor”, “O Blues da Piedade”, “Exagerado”, “O Nosso Amor a Gente Inventa” e “Brasil” também estão no setlist.

Nem só do repertório tradicional é feito o show. A novidade é o poema “Não reclamo”, musicado por Sideral 26 anos após a morte de Cazuza, com o codinome “Essas canções de amor”. Agora a dupla finaliza o arranjo para “Qual a Cor do Amor?”, que deve entrar já nos próximos shows.

A vontade de pegar estrada cantando o poeta já existia, mas o “empurrão” para o projeto existir veio da própria Lucinha Araújo, fundadora da Sociedade e mãe de Caju. Foi em um encontro em Nova York, no apartamento da amiga Paula Lavigne, há cerca de dois anos, que Lucinha carimbou a ideia. “O Rogério começou a tocar as músicas pra ela, no violão, e ela simplesmente abraçou a ideia. Lucinha disse que ainda tinha poemas inéditos do Cazuza e ofereceu pra gente musicar”, narra. Mas a relação de admiração vem de antes. No álbum Dias Claros (2007), Wilson regravou “Exagerado”. Três anos antes ele já havia prestado a homenagem “Amém, Poeta”, no disco Lançado ao Mar.

Em outubro do ano passado, o projeto ganhou a primeira experiência ao vivo, em Belo Horizonte. “A gente tava vivendo um momento muito difícil, mas ao mesmo tempo especial. Nossa mãe tava doente na época e acabou falecendo em novembro. Passou 5 anos lutando contra um câncer”, conta. Maria das Graças de Oliveira, morreu em Alfenas (MG), cidade natal de Flausino, Sideral e Flávio Landau, aos 65 anos. “Isso mexeu muito conosco. A gente tem que fazer as coisas porque não sabemos o dia de amanhã”.

O próximo passo é um disco só de poemas, originalmente publicados no livro ‘Eu Preciso Dizer que Te Amo’, para o ano que vem. Além de Sideral e Flausino, Caetano veloso, Seu Jorge, Nando Reis e Bebel Gilberto confirmaram participação no projeto. “Estamos tentando convencer o Ney Matogrosso”, adianta. “Queremos celebrar a música e a vida. O tempo não para mesmo”.

Serviço

Flausino & Sideral cantam Cazuza
Hoje, 6 de outubro, às 21 horas
Teatro RioMar Fortaleza (Rua Des. Lauro Nogueira, 1500 Piso L3 – Shopping RioMar Fortaleza – Papicu / Fortaleza – CE)
Ingressos de R$ 60 (meia-entrada / platéia alta) a R$ 100 (meia-entrada / platéia baixa A)

About the Author

Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

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