Com três álbuns lançados, a banda Selvagens à Procura de Lei tem ganhado cada vez mais destaque no cenário nacional. Do palco do Festival Ceará Music, onde tocaram em 2012 logo depois da banda estadunidense Evanescence, passando pela indicação na categoria Aposta VMB, extinta premiação da MTV Brasil, do mesmo ano ano, para as páginas da Rolling Stone. No ano passado, a música “Tarde Livre” foi eleita a melhor de 2016 pelos leitores da revista.

Eles fazem a turnê do disco Praieiro, lançado no começo deste ano. Para comemorar o sucesso da turnê, com mais de 85 shows em 19 estados brasileiros, os integrantes resolveram abraçar a nostalgia. Nesta sexta-feira, 25, fazem em Fortaleza um show especial do disco Aprendendo a Mentir, o primeiro da carreira, lançado em 2011.

São dele músicas que ficaram marcadas na memória dos fãs como “Surpresas”, “Casona”, “Jamoga” e “Amigos Libertinos”. Além delas, “Mucambo Cafundó”, considerada uma das mais importantes canções do grupo fortalezense por ajudar a projetá-los em território nacional. É o debut que o vocalista e guitarrista Grabriel Aragão comenta, faixa a faixa, no blog Repórter Entre Linhas. Confira.

Faixa a faixa: Aprendendo a Mentir (2011) – Selvagens à Procura de Lei
Por Gabriel Aragão

Amigos Libertinos é nosso primeiro clipe! Gravado no C.A. de Arquitetura da Universidade Federal do Ceará (UFC). Com ele concorremos ao prêmio Aposta MTV do último VMB que rolou, em 2012. A música fala sobre como a gente se sentia em estar numa banda e tocar nas noites de Fortaleza, e, em especial, no Órbita Bar, todas as primeiras sextas do mês durante o primeiro ano da banda”.

“A letra de Adeus É Tudo Que Eu Prefiro Ouvir De Você fala sobre traição do ponto de vista da mulher traída. Ela ainda não pensa em separação. É como se ainda estivesse no estado de choque da notícia. O som tem aquela energia Amy Winehouse, que a gente curtia muito. No dia que a Amy faleceu foi bem difícil tocar essa. Todo mundo adorava a força da música dela”.

Mucambo Cafundó é a mais icônica do disco. Um resumo dessa fase do Selvagens. Na época, o Rafael veio com o riff de abertura e a vontade de falar sobre esse personagem, o ‘Mucambo Cafundó’. Mucambo é marginal, ninguém se importa com ele. A gente tava ouvindo muito Cidadão Instigado quando fez essa. Na parte que eu escrevi da música, acabei puxando para um lado mais político, falando de Brasília, citando as velas do Mucuripe e até o programa Ronda do Quarteirão, que tava começando na época. O cara de escafandro entrava no show na hora de Mucambo, então a galera associou uma coisa à outra e esse personagem virou o Mucambo e nossos fãs, a Mucambada”.

(Foto: Dário Matos)

Casona talvez é a mais indie rock do disco. Tem muito do que a gente curtia nos Arctic Monkeys, Black Sabbath e outros rocks de riffs poderosos. Juntamos tudo numa porrada só. Casona fala sobre pecado, sobre a noite, sobre a sujeitara”.

Semana Passada essa veio do Rafael (Martins). Lembro que tinha uma vibe meio George Harrison. Falava do ‘oitavo andar’, assim como o Belchior”.

“Acho que Jamoga é a música de amor do disco. Fala sobre um momento de encanto, antes de assumir qualquer compromisso. Ainda existe dúvida e mistério, mas, acima disso, a conclusão de que se ama, de verdade, aquela outra pessoa”.

Surpresas é do Rafael. Uma das mais antigas dele. Já tinha escrito antes dele entrar nos Selvagens. Foi ótimo poder gravar ela na banda na voz dele”.

Sobre Meninos Elétricos e Mães Solteiras fala sobre as ruas perto do Dragão do Mar, sobre as prostitutas da Praia de Iracema, sobre jovens inconsequentes”.

Esperando Pelo 051 quase não entra no disco. É sobre a galera que anda no Grande Circular de Fortaleza. Sobre a cidade grande, a pressa do dia a dia, um pouco dessa mistura de caos e paciência”.

Doce/Amargo é a mais antiga dessas. Ela estava no nosso primeiro EP. Fala também sobre a descoberta de traição. Dessa vez, do ponto de vista do homem. Fala sobre a perca do encanto, decepção e mágoa”.

Aprendendo a Mentir é minha e do Rafael. A gente tava numa de ouvir The Libertines e queria dividir os vocais como eles. Daí veio o nome do disco”.

Romance Na Cidade Grande é uma das mais antigas. Rock indie dançante”.

Mais Um Palhaço no seu Carnaval fala sobre a minha decisão de largar a faculdade pela música. Eu me sentia um palhaço ali. Título inspirado por Tom Jobim. Uma pegada meio Los Hermanos. Bem sentimental e rock”.

About the Author

Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

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