Olá! Hoje é dia de compartilhar os melhores discos de 2014 na coluna Todos os Sons. Vamos nessa?
Fazer listas é sempre uma injustiça. Há sempre quem fique de fora. Mas nada mais divertido do que compartilhar algumas músicas e álbuns que você curte com os amigos, não é mesmo? Então, já vinha pensando nessa lista faz um tempo porque final de ano é um imã para esse tipo de “coisa”. Aqui vão cinco discos para se ouvir em 2014.
SALAD DAYS – MAC DEMARCO
Esse é um disco de um cara que estava cansado depois de passar por turnês divulgando seu primeiro álbum e um EP. O despretensioso “Salad Days” do canadense Mac DeMarco foi ganhando vida em seu apartamento em Nova Iorque. Lá nasceu essa pequena pérola. Em 11 faixas, o compositor canta sobre o tudo e o nada, sobre pequenas coisas do dia-a-dia que nos consomem. Mas o que há de tão fascinante nessas canções? O som de Mac vem sendo descrito como “blue wave” ou “slacker rock”, o rock preguiçoso. Em moldes desleixados, soam guitarras moduladas – à la Connan Mockasin –, quase sem afinação, que retratam toda uma geração. Mac se torna psicodélico, mas preciso em suas curtas canções. A música “Passing Out Pieces” é tão poderosa quanto as canções dos Beatles ou dos Strokes. DeMarco resume tudo logo no primeiro verso: “Watching my life, passing right in front of my eyes/Hell of a story, or is it boring?”. É preciso dizer que DeMarco não “inventou a roda” para fazer um bom álbum. Na verdade, ele investe no suprassumo da canção pop, em sua estrutura de verso-refrão-verso-refrão. Digamos que ele escolheu muito bem os elementos para compor o “Salad Days”. O disco tem unidade e criatividade. Ao mesmo tempo, é desafiador por ser tão simples. Segue o clipe de “Passing Out Pieces”, que é também outra joia.
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[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=vF7P3oq8Enc[/youtube]****
EVERYDAY ROBOTS – DAMON ALBARN
O álbum solo de Damon Albarn, líder do Gorillaz e do Blur, fala de robôs e da tecnologia que também assombra, sobre o passado em confronto com o nosso futuro. Apesar de tanta “modernidade”, as composições não foram gravadas inteiramente por timbres de computador, como Albarn já se arriscou a fazer. Instrumentos acústicos, elétricos, eletrônicos e a voz do compositor – e de convidados como Brian Eno e Natasha Khan, do Bat for Lashes – se unem para compor a ópera. Um disco que foi descrito pelo próprio Damon como um de seus mais pessoais só poderia dar em coisa boa. Bem arranjadas, as músicas aos poucos vão te conquistando. São para parar e refletir. Apreciar os detalhes que ali se escondem. O clima ameno toma conta do momento. A música inteligente brinca com nossos costumes e referências, não deixando de ser crítica. “When you’re lonely, press play/ If you’re lonely, press play” (Quando estiver sozinho, aperte o play/ Se está sozinho, aperte o play), parte da letra de “Lonely Press Play”. Já a música que dá nome ao álbum é aberta com a seguinte frase: “We are everyday robots on our phones” (Somos robôs diariamente em nossos celulares).
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[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=rjbiUj-FD-o[/youtube]
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NIKKI NACK – TUNE-YARDS
O terceiro álbum do projeto tUnE-yArDs da cantora e compositora Merrill Garbus é desafiador, como talvez um disco da Björk seja para alguns. Nas “mãos” de Garbus e de seu parceiro baixista Nate Brenner, a música eletrônica nunca foi tão animada e orgânica. As composições em “Nikki Nack” brincam com o ritmo – percussão agora é uma paixão de Garbus – e com os vários vocais que vão aparecendo aos poucos. O tUnE-yArDs concentrou todas as energias para fazer sua obra crescer significativamente. Com um pé no blues de raiz (ouvir “Rocking Chair”), o grupo faz uma verdadeira busca entre os elementos da música contemporânea para se expressar e criar preciosas músicas de corpo todo. Um dos álbuns do ano para quem gosta de canções desafiadoras.
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[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=lc7kcKSvoHw[/youtube]****
ROYAL BLOOD – ROYAL BLOOD
Para quem curte um bom rock, eis um álbum. Na falta de lançamentos do Muse ou Queens of the Stone Age neste ano, os britânicos Mike Kerr e Ben Thatcher trouxeram um presentinho para os ouvintes. O duo de baixo modificado – que pode soar como guitarra – e bateria feroz precisaram de apenas de 10 faixas e um show para agradar Dave Grohl. Como o líder do Foo Fighter descreveu, os garotos tem “a pegada”, a energia necessária. Esse é o primeiro álbum, homônimo ao nome da dupla. Espero que venham mais.
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[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=-_3mNCaJgNM[/youtube]****
CONVOQUE SEU BUDA – CRIOLO
Não sou fã de hip hop ou rap. Mas um dos caras que contribuiu para que tivesse outro ouvir – ou diminuísse certo preconceito – sobre esse tipo de música foi o Criolo. Seu terceiro álbum, “Convoque Seu Buda”, é praticamente uma continuidade do que mostrou em seu antecessor, o aclamado “Nó na Orelha” (2011). Muito mais do que rap, Criolo faz música, em primeiro lugar. Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral são os responsáveis por dar uma “pequena-grande ajuda” na parte instrumental do disco. Se você já vem acompanhando o trabalho da sua “equipe”, já sabe que no álbum se encontra desde a tradicional batida hip hop ao samba ou ritmos africanos. Com sua miscelânea de cores e ritmos, o rapper faz um trabalho essencial para a música brasileira. Já suas letras são inteligentes e de uma crítica ferrenha e mordaz capaz de deixar muitos hinos punks para traz.
PLAY:
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=HncAs9LeyIQ[/youtube]
Bom, se você chegou até aqui, que tal compartilhar os discos de 2014 que andou escutando? Estou pensando em comentar mais cinco álbuns no próximo post. Até lá!
Lucas Benedecti
lucas.benedecti@gmail.com
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