Ainda vou promover um evento desses aqui em Fortaleza. Alguém anota isso que tô dizendo! rsrs
Essa feira proporciona às crianças aprendendizado financeiro, responsabilidade, desapego e noções de reaproveitamento. Vale a pena ler todinha!!!

Feira de brinquedos usados atrai crianças na Itália

O Mercattino dei Bambini, que acontece de junho a setembro, existe há quatro anos. Mercados que estimulam a reutilização de objetos são comuns na região

Itália, três horas e meia de Roma, praia de Cattolica, férias de verão no Adriático. Todas as terças, finais de tarde, a Praça do Mercado fica repleta de crianças. Elas não estão ali somente para se divertir: a ideia é também fazer um bom negócio. Acompanhadas pelos pais, elas se reúnem e montam uma feirinha, com pequenas bancas, onde vendem brinquedos, roupas e artigos que não mais. É o Mercattino dei Bambini, realizado há quatro verões, sempre de junho a setembro. Acontece há vinte anos na região e ocorre simultaneamente em várias pequenas cidades vizinhas.

Giuseppe Lorenzo, 51, pai de três meninos e organizador da feira, a cada inicio de ano faz o pedido do espaço para a prefeitura, que também ajuda na divulgação. Ele conta que o mercadinho acontece de maneira muito livre, sem ficha de inscrição, nem reservas. Acompanhadas do pai ou da mãe, as crianças chegam a partir do final da tarde e montam seus negócios, até a hora que bem entenderem. O objetivo é fazer com que elas, além de aprender a negociar e a reutilizar os objetos, colaborando assim para um futuro melhor para o planeta.

A cada ano o número de banquinhas aumenta. Hoje são mais de 70. “A ideia veio de outra feira de artesanato, de adultos, onde alguns pais levavam os filhos. Eles também queriam participar, montavam por sua conta pequenos espaços nos muros e negociavam entre si, a exemplo dos pais”, conta Lorenzo.

As crianças chegam com o “fresco” como dizem ali, quando o sol se põe e o tempo refresca, e vão organizando tudo brincando. Barbies loiras, ruivas e morenas, sentadas lado a lado na escadinha que serve de estande, observam o movimento com seus olhares vidrados enquanto esperam pacientemente que alguma criança menos crescida se deixe seduzir por seus sorrisos de plástico. As donas atuais, Giovanni, 11 anos, e sua prima Maria, 10, aguardam ao lado das bonecas depois de organizarem detalhadamente a disposição e os preços dos produtos.
Consiglia Esposito, mãe de Giovanni, diz que dá trabalho, mas é bom trazer as meninas. Já participaram da feira em outros anos, várias vezes. Têm muita coisa em casa que ganham de presente e já não brincam mais, segundo a mãe.

O mercado é uma oportunidade, entre outras coisas, para as meninas trocarem experiências e entenderem a relação de comércio. As Barbies, paralisadas, não podem reclamar de sua desvalorização. Quando foram para casa delas, valiam de 15 a 20 euros. Agora seriam entregues a preço de pedaço de pizza: dois euros, apenas. Por mais alguns centavos, as clientes ainda podem levar acessórios para a boneca. Mas depois de uma venda meio conturbada, Consiglia chama Maria e lhe diz para prestar mais atenção ao falar com a cliente, pois quase havia entregue toda uma bolsa com pequenas pecinhas por 50 centavos. As duas garotas ficam em silêncio por minutos, sentadas na escada, refletindo. Até que Maria resolve voltar ao posto para a próxima venda, um pouco mais alerta.

Antonio Clovis Gartner, terapeuta familiar e mestre em educação, de Santa Catarina, diz que “o mundo comercial geralmente incentiva o lucro exagerado, portanto, temos que atentar ao bom senso e justiça no valor financeiro.” Para o especialista, é importante ressaltar que a criança deve entender que quem vende deve receber o valor justo e quem compra deve ter algumas garantias. Nesse caso, uma feira como a Mercattino dei Bambini ajuda a criança a desenvolver a responsabilidade. O especialista lembra, ainda, outra vantagem de mercados desse estilo. “A venda ou troca de brinquedos traz a possibilidade de mostrar à criança o benefício de se desfazer do que não lhe serve mais”, afirma.

Monica, de 11 anos, de fato, trabalhou o desapego no Mercattino. Pela primeira vez na feira, armou sua banca com ajuda da mãe, Arianna Battistini. Logo fez questão de deixar claro: “no seu trabalho você decide. Aqui, sou eu”. E ainda completou: “Você só me ajuda a montar, eu faço os preços e vendo”. Ela não foi tão barateira como Giovanni e Maria. Mãe e filha colocaram várias peças de roupas na bancada, conjuntinhos rosa, casaquinhos, coletes, calças jeans. Entre todos, um belo biquíni de bolinha vermelho e branco, de quando ainda tinha uns 6 anos. Em um canto menor, alguns brinquedos e jogos.

Depois de mais de uma hora com o coração apertado a cada criança que mexia nos seus brinquedos, Monica foi chorando até a mãe. Disse que queria ir embora e não venderia mais vender seu mini computador da Hello Kitty. E foi assim que retirou todos os brinquedos da bancada, deixando apenas as roupas. Mais tarde ao perguntar sobre as vendas, ela me disse que tinha vendido o biquíni de bolinhas. “Aquele, tão belo?”, respondi, em provocação. Ela, visivelmente afetada, confirmou. “Não me servia mais…”

Aprenda com eles
Ao redor do mundo, especialmente na Europa, feirinhas como a de Cattolica são bastante comuns. No Brasil, embora sejam raras, há uma que chama a atenção. Acontece uma vez por ano, em Holambra, interior de São Paulo. É o Mercado de Brinquedos Usados, onde crianças e adolescentes entre 5 e 15 anos têm um espaço organizado para negociar carrinhos, bonecas, roupas e até animais de estimação. Há algumas regras – e a principal delas é a de que os pais podem ajudar, mas a responsabilidade pela inscrição e pelas negociações durante a feira é por conta das crianças.

A quarta edição do evento aconteceu no último dia 30 de abril e teve um crescimento considerável em relação ao primeiro ano. Quando começou, há quatro anos, contava com apenas sete estandes. Em 2011 foram cerca de 40! Gostou da ideia? Então, que tal promover uma feira assim, na escola, no condomínio ou na praça perto da sua casa?

Fonte: Site da revista Crescer

About the Author

Carol Bedê

Jornalista. Mãe da Laís e do Vinícius. Já quis ser muita coisa...depois de terminar a faculdade de letras, uma especialização e a faculdade de comunicação social (jornalismo), de uma coisa tive certeza: o que eu quero mesmo é escrever. Já escrevi sobre muitos assuntos. Tentei até fazer poesia, mas nunca achava que conseguia. Depois de ser mãe resolvi escrever sobre ser mãe, sobre bebês, sobre crianças e sobre esse mundo. E só agora acho que consigo fazer poesia.

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