“Hoje o dia está colonial”. A expressão popular é a cara do Ceará em dias de chuva. Pelo menos para quem tem mais de 40 anos. Sugere o calor da cachaça para tempo de água caindo (para nós, mais frios), como este sábado. Colonial é uma das mais tradicionais marcas do Ceará. O Blog foi em busca da origem da expressão.

Aterro da Praia de Iracema: dia super colonial em Fortaleza (Foto: Nely de Carvalho)

Expressões populares não têm dono. Neste caso, nem autoria muito clara. Teria sido o cartunista Mino Castelo Branco, que tantas vezes a difundiu em suas revistas? Ou o saudoso radialista Jurandir Mitoso? Nem Cláudio Targino tem certeza.  Ele é quem comanda a Colonial, hoje uma marca de nicho. “A gente só envasa o estoque remanescente”, dá de ombros.

E olha o que aconteceu hoje cedo. Cláudio estava numa concessionária pegando o carro quando alguém mandou essa, sem saber quem era ele, olhando a chuva (para nós cearenses, paisagem): “eita que o dia tá colonial”. Ele riu a beça e sacou uma garrafa do porta-mala de presente.

Mas em breve os dias nem estarão tão coloniais assim. A quarta geração da família Targino, os filhos de Cláudio, preferem um negócio, digamos, mais saudável. Tocam um parque de entretenimento infantil em Aquiraz, o Engenhoca.

A propósito, os fundadores da principal marca do Ceará também. A Família Telles, após vender a Ypióca para os ingleses da Diageo, manteve o Ipark em Maranguape. Detalhe: era Ypark, mas por contrato, sorveram todas as referências à marca mãe.

Em passado nem tão distante assim, o Ceará já teve 113 marcas catalogadas, diz Cláudio. Hoje, lamenta:” Não completam os dedos da mão”. Foram saindo da prateleira ou sendo compradas em talagadas pela Ypióca.

Foi bom para gerar uma “campeã nacional”, mas ruim para o Ceará, pela perda da diversidade. Minas Gerais editou anos atrás um decreto determinando a cachaça local em eventos oficiais do estado. Polêmico, mas determinante para a “marca mineira”.

Antes, recorda Cláudio, era comum pedirem a viajantes por terras cearenses uma cachaça como souvenir. Hoje até se pede. Mas em doses bem menores. Deixamos de seguir o exemplo escocês. Quem não pede um puro malte a quem vai lá?

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Jocélio Leal

Editor-chefe dos núcleos de Negócios e Economia do O POVO- POPVeículos/ POP Imóveis e Construção/Empregos& Carreiras/ Editoria de Economia/ Colunista de Economia e Política no O POVO/ editor-executivo do Anuário do Ceará desde 2001/ Apresenta flashes do Blog nas rádios O POVO-CBN e Nova Brasil FM/ Apresentador da TV O POVO (Canal Futura)

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