Fortaleza – Bolsonaro não derrotou o PT. O PT já estava derrotado. Desde quando afundou o País na pior crise econômica da história nacional. O fracasso agora ratificou.

O partido fora abatido ao ter seus principais líderes envolvidos na corrupção mais rasteira, enquanto empunhava a bandeira da ética. A insistência com Lula Cid Gomes traduziu.

Em verdade, o PT foi PT quando insistiu com Dilma em 2014 ao preterir um Eduardo Campos ou Ciro Gomes da vida, mesmo depois daquilo tudo de 2013. 

Foi mais uma vez PT este ano ao agir para barrar Ciro na cabeça da chapa, negando as aparências e disfarçando as evidências. E foi Alice quando esperava que o mesmo Ciro fosse desembarcar e subir em um púlpito e declarar voto em Haddad…

Bolsonaro foi o votado, mas para muitos poderia ser o Capitão Gancho ou o Caverna porque, em boa medida, buscavam um anti-voto. Por tudo que aconteceu, era de se esperar. Mas não só. 

Como em toda militância, no 17 há gente de toda qualidade. Inconsequentes, do tipo que faz apologia da violência (e nisso Bolsonaro foi inspiração) e gente séria e honesta que não mereceu ser execrada pela opção feita. Estes foram vítimas da persistente dificuldade do PT de lidar com o outro, caso o outro não seja um igual.

Lembram de Regina Duarte, tratada como Raquel por Maria de Fátima (Vale Tudo, 1988) porque falou em medo da vitória de Lula contra Serra em 2002? Pois bem, o medo se tornou o discurso petista no segundo turno de 2018.

Outros tantos seguiram o vencedor movidos pela ideia de que Bolsonaro dará as respostas na segurança pública, a chaga mais dolorida nos brasileiros.

A confessada ignorância do candidato nos mais diversos assuntos, sobretudo a economia, foi tolerada, em nome da segurança. Não foi a primeira vez, convenhamos. Bolsonaro conseguiu o mesmo que Lula, outro ignorante nos mais diferentes assuntos. O País é assim. Sempre busca um Messias. Quando julga encontrar é só tolerância.

Sim, o novo presidente é revolucionário. Derrotou o sistema ao prescindir do tempo de TV, das coligações partidárias (donas do tempo) e da imprensa. A primeira fala pela Web, e não em  TV aberta, foi simbólica. Tanto quanto os seguidos ósculos de Dória em Bia.

Na campanha, Bolsonaro deu de ombros, provocou e não fez esforço para agradar. Isto o deixa livre e solto, mas com limites que se impõem pela política.

As autossuficiências morrem neste domingo. Todas. Transformam-se em capital político, uma moeda perecível. Os discursos de vencedor (foram vários, como se fosse acrescentando as vacinas em doses lembradas) trouxeram estes recados.

Bolsonaro venceu e terá de lidar com isto.

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Jocélio Leal

Editor-chefe dos núcleos de Negócios e Economia do O POVO- POPVeículos/ POP Imóveis e Construção/Empregos& Carreiras/ Editoria de Economia/ Colunista de Economia e Política no O POVO/ editor-executivo do Anuário do Ceará desde 2001/ Apresenta flashes do Blog nas rádios O POVO-CBN e Nova Brasil FM/ Apresentador da TV O POVO (Canal Futura)

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