Durante três dias, cerca de 1.500 pessoas de várias localidades do Brasil participaram do V Congresso Brasileiro da Indústria da Comunicação, no Word Trade Center, em São Paulo. Do Ceará, foram cerca de 20 representantes, entre agências, veículos e entidades.
Segunda e terça-feira, foram realizadas comissões de trabalhos para discutir os caminhos para a cadeia a comunicação. Nesta quarta-feira, todas as teses propostas foram revisadas e aprovadas. Confira abaixo, cada uma delas. A próxima edição do congresso será daqui a quatro anos. Neste período, as teses serão acompanhadas por um comitê.
Grandes eventos: desafios e oportunidades
Criação de um manual de compliance do marketing promocional e de ações estruturadas para sua difusão do manual, que tem como objetivo fomentar o planejamento e a execução do marketing promocional, pautando em conceitos de sustentabilidade, fomento social e educação.
Cronograma das ações de execução, que culminará na apresentação oficial do documento a deputados federais e senadores durante o 1º Congresso Nacional de Marketing Direto, a ser realizado em maio de 2013.

Comunicação one-to-one: personalização x privacidade
Criação de mecanismos para garantir a dignidade, não infringindo e ultrapassando a liberdade do consumidor;
Implementação de um conselho de autorregulamentação do setor com princípios orientadores para a comunicação personalizada;
Garantia de que a futura regulamentação para o tratamento de dados pessoais permitem a convivência harmônica dos princípios constitucionais da livre iniciativa e da liberdade de expressão.

Propriedade intelectual, legislação e ética
Reforçar o respeito aos direitos constitucionais do criador intelectual, preservando seus direitos em novas mídias, seja quais forem, inclusive a internet;
Respeitar os direitos dos titulares derivados de obras intelectuais adquiridas por contrato com os originários;
Pagamento dos direitos autorais, nas reproduções pelo próprio cliente, com aplicação de remuneração a seus titulares, seja qual for o suporte;
Manutenção da não obrigatoriedade de registro de uma obra, segundo a Convenção de Berna, assim como da não intervenção governamental nessa discussão, pois este aspecto deve ser analisado à luz do direito privado; e
Ratificação das decisões do terceiro fórum sobre titularidade.
O futuro da profissão
Introdução da indústria da comunicação como responsável na busca de um futuro comum à todas as profissões da área.
Presença facilitada, nas faculdades e escolas de ensino superior, de profissionais da área de comunicação.
Gestão, de agências, voltada para os Recursos Humanos, implementando novos métodos norteados pelo exercício do potencial dos profisionais.
Produção de um banco de talentos, de responsabilidade da ABAP

O consumidor com a palavra
Intensificação da importância do uso de metodologias de pesquisa como métrica essencial para avaliação da atuação nas redes sociais;
Integração das análises também como método de avaliação;
Avaliação dos reais impactos das manifestações de consumidores nas redes sociais;
Regulamentação da profissão do pesquisador e analista de redes sociais;
Implementação de políticas de apoio ao Plano Nacional de Banda Larga no Brasil;
Formação de uma comissão, que reuna membros de principais orgãos da comunicação social, que estudará a  elaboração de um código de ética para atuação nas redes sociais.

Comunicação, Crescimento Econômico e Desenvolvimento Humano
Defender, prioritária e permanentemente, o modelo publicitário do país, normatizado por autorregulamentação, cuja responsabilidade de zelo é do Conar e do CENP;
Tratar o conteúdo da publicidade como parte da comunicação social protegida pela Constituição da República e compromissada com valores históricos e culturais do país;
Defender o livre mercado, tanto interna como externamente, contribuindo para que o Brasil seja um parceiro do mundo e nunca um mero fornecedor de matéria prima;
Defender o direito de anunciar, com responsabilidade, como um dos princípios básicos de liberdade do estado de direito, e refutar, com dados e estudos técnico-científicos, todas as iniciativas de terceiros que ameacem, sem base legal, a liberdade de anunciar e consumir;
Repudiar, por antidemocrático, qualquer proposta de restrição ao direito de informar e ser informado;
Manter permanente a preocupação com o homem e o planeta, na certeza que a comunicação pode contribuir para o encontro de meios e formas de desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente, das riquezas naturais e das espécies;
É compromisso da comunicação tratar o consumidor como cidadão em sua diversidade e diferenças, respeitando o novo consumidor como senhor de sua vontade e  de seus anseios;
Defender o respeito à diversidade como ponto importante das relações humanas, a única forma de construção de uma sociedade justa. A publicidade não deve servir como instrumento de separação das pessoas, promovendo bens e serviços que aprofundem a discriminação entre consumidores.

Regionalização
Governo: Além do efetivo e grande avanço no processo de utilização da mídia regional, já em curso, o Governo poderia estimular a participação de agências regionais nas contas publicitárias das grandes empresas e órgãos públicos com atuação nacional, permitindo e considerando, na forma legal, consórcios entre agências nacionais e regionais para atendimento de contas públicas.
Veículos: Assumir o papel de fomentadores do desenvolvimento dos mercados regionais, estimulando as agências locais, ajudando a viabilizar estudos de mercado e pesquisas, com regularidade, nas praças que ainda são carentes de informações, além de contribuir para a capacitação técnica dos mercados.  Recomendamos que esta missão seja de todos os veículos  de atuação nacional e  regional, uma  vez  que  as  informações   sobre os  mercados  regionais  são  de  interesse  de  todo o mercado.
Agências locais: Enquanto profundos entendedores das peculiaridades e idiossincrasias regionais, as agências locais precisam estar capacitadas para entender o posicionamento e a estratégia das marcas de atuação nacional, de forma que consigam contribuir com estratégias regionais pertinentes, sinérgicas com o todo e coerentes com a estratégia macro – e não apenas propondo e realizando ações isoladas.
Agências nacionais: Buscar a criação de parcerias com agências regionais que sejam saudáveis para ambas as partes, estimulando o desenvolvimento técnico das agências parceiras de tal forma que a prestação de serviço aos clientes atinja melhores resultados, apostando que no médio e longo prazo o desenvolvimento dos mercados regionais proporcionará maiores investimentos dos anunciantes.
Anunciantes privados: Desenvolver estratégias inteligentes de regionalização de sua atuação e de seus investimentos, com a adoção de linhas de comunicação próprias ou adaptadas – conforme as circunstâncias –, maximização do emprego das mídias locais e aproveitamento sistemático das oportunidades específicas de cada local e região.
Comunidades regionais da comunicação: Complementando e incentivando a efetiva consecução dos caminhos acima propostos, é fundamental que as comunidades regionais da comunicação – veículos, agências e fornecedores, em conjunto com anunciantes – estabeleçam programas efetivos de evolução técnica de cada mercado. Para isso sugere-se a criação de um comitê multissetorial em cada um deles, de forma a debater e estabelecer esse programa e cuidar de sua implantação.
ABA e FENAPRO: Dar continuidade ao Fórum Mercados Brasileiros, potencializando o evento para promover a apresentação e discussão de melhores práticas, de modo que se permita a difusão das mesmas para todo o mercado. Através, por exemplo, de portal mantido e alimentado pelas duas entidades, com a colaboração de outras organizações que se juntem a esta iniciativa, participando da discussão e ajudando a fortalecer o fórum.

Criatividade e Sucesso
A criatividade teve papel revolucionário na sociedade de consumo, durante a Revolução Industrial. E ainda hoje é o eixo da indústria da comunicação. Um insumo, tanto econômico quanto cultural, e deve ser estimulada. Um planejamento criativo bem executado pode levar uma boa ideia ao sucesso. É preciso também formar gerações de criativos com perfis mais completos, capazes de absorverem as mudanças. O valor da criatividade depende do tamanho da ideia: grande ideia paga muito por anos e anos; ideia comum pagam pouco. Por fim, a criatividade terá grande influência no desenvolvimento do Brasil, mas é preciso passar da adolescência para atingir a maturidade criativa.

Sustentabilidade e Comunicação
Criação de uma campanha anual de engajamento social, nos moldes da Campanha da Fraternidade, coordenada pelo Comitê de Continuidade e Implantação da ABAP. O tema será renovado a cada ano e as agências de publicidade e de relações públicas trabalharão em parceria;
Endosso e recomendação, como referência de mercado, dos Indicadores de Sustentabilidade da Indústria da Comunicação para todas as agências envolvidas, com foco na necessidade de fixar metas mensuráveis para nortear a evolução;
Criação de um grupo de trabalho, pelo Comitê de Continuidade e Implementação, que terá como objetivo disseminar boas práticas em comunicação, ligadas à sustentabilidade, e que enalteçam iniciativas de empresas privadas, governo, ONG’s, etc.

As empresas de comunicação brasileiras, o mercado global e a Marca Brasil
Revisão tributária e desburocratização no negócio entre a comunicação brasileira e o mercado global (contratações, veiculações, impostos, etc.);
Capacitação e internacionalização do profissional brasileiro; estrutura, conhecimento e incentivo financeiro para fomentar o mercado brasileiro no exterior, por meio da iniciativa privada;
Preparar a indústria da comunicação local para atuação global.

Novos caminhos para criar e fortalecer marcas
Acompanhar cada marca em todas as mídias em que estão expostas. E é fundamental
Investir nos mecanismos de aferição de audiência dessas plataformas;
O fortalecimento das marcas tem de considerar todos esses novos caminhos juntos e tirar deles o melhor proveito para sua viabilidade.

As novas tecnologias e as novas fronteiras da mídia
O profissional de mídia deve estar preparado para as mudanças, principalmente na forma de se relacionar com o mercado e consumidores, já que eles deixam de ser divididos por nicho, mas sim por hábito de consumo;
Além de responsabilidade e ética, o conhecimento global das ferramentas e dos novos canais de informação tornaram-se mais que necessários, principalmente na forma como serão integrados; e uma nova forma de enxergar as tendências e a movimentação do mercado, não apenas as tecnologias, já que as formas de consumo mudam rapidamente.

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About the Author

Joelma Leal

Jornalista, formada pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e especialista em Gerência Executiva de Marketing - Cetrede/UFC. Assessora de comunicação do Grupo O POVO. Titular da coluna Layout, publicada às sextas-feiras, no O POVO, e editora-adjunta do Anuário do Ceará, composto pela publicação impressa, site e especiais para TV. Apresentou o programa Faixa Conexão Layout, da TV O POVO.

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