A escritora mineira Conceição Evaristo é vencedora do Prêmio Cláudia na Categoria Cultura. As outras finalistas eram a historiadora carioca Karen Worcman, criadora do Museu da Pessoa, e a cearense Cacique Pequena, símbolo de resistência cultural e social dos índios Jenipapo-Kanindé. A cerimônia de premiação aconteceu em São Paulo, na noite de segunda-feira, 2 de outubro.
“Conceber uma mulher negra, com um prêmio em cultura, é inédito. Rompe com uma imagem que nos coloca sempre no lugar comum, no lugar da subalternidade. Ou quando nos distingue, é para música e dança. É novo imaginar que as mulheres negras escrevem, são professoras, são filosófas. Dedico esse prêmio as duas outras mulheres que concorreram comigo. Fico feliz pois as duas são pessoas e lutas fortes”, pontuou Conceição durante o discurso de agradecimento pelo prêmio.
Escritora de 70 anos, Conceição passou a infância rodeada por histórias e pela palavra falada. Da infância pobre em Belo Horizonte, trouxe a certeza de que não queria repetir o caminho das outras mulheres da família. Não seria faxineira ou cozinheira. Seria professora. E foi. Entrou no curso normal, na faculdade de Letras, no mestrado e no doutorado. O poder da palavra, entretanto, se manifestava não apenas nos estudos de teoria literária, mas também nas densas narrativas construídas por Conceição.
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Foram necessários 20 anos para que o primeiro livro de Conceição Evaristo fosse impresso. Depois disso, o sucesso. A mineira radicada no Rio de Janeiro é uma das mais notórias escritoras brasileiras vivas. Coleciona prêmios, leitores e convites para eventos. A literatura, entretanto, não lhe garante a sobrevivência financeira. É com a aposentadoria de professora que leva a vida.