Por Luana Braga*

Fotografia de Luana Braga para o texto Nada Tem Tudo

Num dos meus sonhos, o caminho sempre acaba. Precipício? Não me atiro: observo. Num dos meus sonhos, vou até a borda: olho o longe. O longe venta tanto. Venta até o perto: e há nuvens avisando chuva. Prenúncios? Num dos meus sonhos, há caminhos que acabam no exato momento de acabar. Mirante? Num dos meus sonhos, a montanha começa então a se desfazer: a montanha, o caminho, as pedras, o longe… E então, os ventos acarinham meu corpo: nua, me entrego aos carinhos do desfeito-gigante que absorve o tudo: a montanha, o caminho, as pedras, as plantas, o longe, as nuvens de avisar chuva. Então, fico só eu: eu tendo ao nada; o nada tendo tudo.

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Luana Braga

Nascida em Fortaleza, Luana Braga escreve poesias desde os seis anos de idade, quando teve um de seus poemas publicados no jornal. Desde então, só tem crescido nos seus escritos, tendo culminado num vídeo-poema (Meu Carnaval, 2018), e num samba (Samba do Desengano, 2018). Apresenta-se regularmente em saraus pela cidade de Fortaleza, como o Sarau da Lamarca (na Livraria Lamarca), Sarau da Taipa (no Pirambu) e Sarau da Gentilândia (Gentilândia Bar). É arquiteta. Possui uma mente artisticamente fértil, observa o mundo encantada com tudo e fala com o corpo todo. Faz café forte e não consegue ficar parada, mesmo se o seu pé estiver quebrado. Habita o mundo com Olívia, sua filha, e acredita que seu sol em aquário e sua lua em leão lhe impulsionam o tempo todo. Publica suas ousadices em fotogramas poéticos ressignificados. Luana Braga é a própria insólita viagem (@insolitaviagem no Instagram).

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Colaboradores LDB

Colaboradores do Blog Leituras da Bel. Grupo formado por professores, escritores, poetas e estudiosos da literatura.

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