Por Luana Braga*

Saudade. Há tristeza em não termos sido. Agora, meus pés sangram a tua ausência: tua presença em todo lugar. No meio do meu samba: toco sem sentir meus dedos; sinto o torpor do teu cheiro; vejo em outros pescoços o teu jeito; sinto o teu abraço envolvendo o meu corpo. Giro no ar: desmaio no meio do sábado, atrapalhando o enredo. Toda a bateria acode os tamborins: caixeiros, surdos, chocalhos, agogôs, cuícas — e repiques sem norte. Não há mais céus; nem infernos. Só saudade… Eu morri?, me pergunto ao acordar. Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro.

 

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Luana Braga
Nascida em Fortaleza, Luana Braga escreve poesias desde os seis anos de idade, quando teve um de seus poemas publicados no jornal. Desde então, só tem crescido nos seus escritos, tendo culminado num vídeo-poema (Meu Carnaval, 2018), e num samba (Samba do Desengano, 2018). Apresenta-se regularmente em saraus pela cidade de Fortaleza, como o Sarau da Lamarca (na Livraria Lamarca), Sarau da Taipa (no Pirambu) e Sarau da Gentilândia (Gentilândia Bar). É arquiteta. Possui uma mente artisticamente fértil, observa o mundo encantada com tudo e fala com o corpo todo. Faz café forte e não consegue ficar parada, mesmo se o seu pé estiver quebrado. Habita o mundo com Olívia, sua filha, e acredita que seu sol em aquário e sua lua em leão lhe impulsionam o tempo todo. Publica suas ousadices em fotogramas poéticos ressignificados. Luana Braga é a própria insólita viagem (@insolitaviagem no Instagram).

 

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Colaboradores LDB

Colaboradores do Blog Leituras da Bel. Grupo formado por professores, escritores, poetas e estudiosos da literatura.

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