VALENTE
— Por Madame Satã

Arte de Antônio LaCarne

coragem
a vida né só tragédia
né só impasse
ainda tem paz
e ontem mesmo eu tava bem
sem louças à lavar
sem nada pra fazer
nada a me preocupar
valente
sentido poente
frente proa vento sopra
desamarra a corda
puxada de rede
olha o peso pescador!
ilusão na linha
mas é tão imenso
quero mergulhar
deixem eu me arriscar
deixe-me afundar
nisso que é só meu
eu não temo o mar
eu não temo o mar
eu também sou mar
também sei amar
também sei que o mar
nem prédio nem lixo
só areia e mar e rastro de bicho
valente
sentido poente
frente proa vento
querer desbravar
o que só você entende
sentidos e mente
natural abrigo
um abraço-lar
um amor-amigo
vão te duvidar
machucar julgar
arriscar palpite
sem saber o que sentes
desencorajar
mas você valente
mas você valente
não se prende à isso

***

Madame Satã

Rapper e poeta. Utiliza-se da arte como ferramenta para (re)existir e TRANSmitir presentes no seu cotidiano, seja na poesia, no RaP ou ocupações. Desde 96. Mil grau de revolta.

Antônio LaCarne

É cearense, formado em Letras Inglês pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Autor de Elefante-Rei: Poemas B (CBJE, 2009), Salão Chinês (Patuá, 2014); Todos os poemas são loucos (Gueto Editorial, 2017) e Exercícios de fixação (AR Publisher, 2018). Participou das antologias “A polêmica vida do amor” (Oito e meio, 2011) “A nossos pés” (7Letras, 2017), “Golpe: antologia-manifesto” (Nosotros Editorial, 2017) e “Rotatórias” (Galeria Sem Título Arte, 2018).

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https://www.youtube.com/watch?v=plAOsSecmG8

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Colaboradores LDB

Colaboradores do Blog Leituras da Bel. Grupo formado por professores, escritores, poetas e estudiosos da literatura.

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