Por Vitória Andrade*
penso que pessoas são galáxias com infinitas possibilidades e mundos. pessoas podem ter o coração de uma super nova que está prestes a colapsar. pessoas são universos, sim. possuem gritos meteóricos, batimentos cardíacos à velocidade da luz, olhos de cosmos, pernas de astronauta. penso que, cada pedaço de terra em que pisamos, fica registrada a indagação da próxima civilização que procurará por nossos rastros audazes. nosso pó, resquícios afoitos, dançarão com a nova fórmula de respirar. somos mundos ainda não compreendidos. guerrilhas sucumbem em nossa aorta. o sol queima as feridas abertas dos passos na terra. somos a explosão de séculos que choraram a morte de um cometa. sempre penso em formas matizadas de conhecer o planeta que bate no peito de alguém. imagino as batalhas enfrentadas e os níveis das ondas que desaguam no corpo. tento relacionar a grande explosão com o primeiro choro que sai entre as pernas de uma mulher. átomos brincam com o lume de nossas íris. moléculas riem do choro que pinga. ainda há outros universos a serem descobertos. ainda há luz escondida entre um ponto e outro. somos pequenos trechos de imensidões.
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Vitória Andrade
Je suis une femme. Uma moça latino-americana. Nasci e fui criada em Fortaleza. Sou Filha do Nordeste e feita da matéria feroz de poesia. Feminista e dona de um útero. Fui sentir os ventos gélidos no Canadá para, hoje, ser apaixonada pela língua francesa. Desde criança, alimento-me de arte e tenho a escrita como um combustível para o que vem do âmago e para os dias lamuriosos. Dom Casmurro foi o primeiro livro que li, ainda na infância – sou ancestral de Capitu e pesquisadora de olhares, mergulho nas curvas dos poemas que chamam-me e acolhem-me. Escrevo com fagulhas em cada partícula do meu ser e propago nos ouvidos de quem nasceu com a arte no coração. Escrevo por dentro para depois expelir. Abraço a escrita com as asas de todos os rouxinóis. Não caibo em uma biografia. Não caibo neste universo. Danço comigo e com as vozes das primeiras poetas que nasceram. Escrevo.
Nossa… Que texto forte!! Tanto quanto a descrição de si! Se a cada pegada deixamos rastros para para q a próxima civilização tente nós desvendar… Então essas palavras são tesouros como pinturas rupestres de nossas antecessores! Um texto curto, mas q tem a mesma imensidão ao qual se refere!! Parabéns!!! Há uma imensidão,um universo entre um fio de cabelo e a sola do pé!não cabemos realmente dentro de nós mesmos!
Parabéns Vitória!!! Eua mãe deve estar muito orgulhosa de vc… Assim como aqueles q lhe conhece. Não sei muito o q escrever para uma escritora… Mas gostei muito, PERFEITO!!! Quero ler o livro.
Gostei muito do texto. Imersivo. 😀