Deus é Paciência!
*Por Bruno Paulino

Santa Teresa de Ávila

Dentre os inúmeros aforismos usados no romance Grande Sertão: Veredas por Guimarães Rosa para definir Deus, um dos meus preferidos é quando o personagem Riobaldo afirma: “Deus é paciência!”. Às vezes, acho que não pode ter definição mais certeira e bonita para o grande arquiteto do universo.

Não tenho dúvidas que a paciência para consigo e para com os outros é a virtude que mais nos têm faltado nesses dias loucos. O amor é paciente – diz São Paulo em sua carta aos Coríntios. Mas estamos sempre explosivos e impacientes: no trânsito – coitado do pedestre; no trabalho – coitado do colega; na faculdade – coitado do professor; no restaurante – coitado do garçom; na família – coitado dos filhos; se a internet não funciona – coitado do mundo. Enfim, a paciência tem faltado, e, por conseguinte, o amor.

Como sentencia a sabedoria do provérbio chinês: “Um momento de paciência pode evitar um grande desastre. Um momento de impaciência pode arruinar toda uma vida”. Muitas vezes por falta de paciência não perseveramos na fé e perdemos o foco no que verdadeiramente importa e abandonamos nossos sonhos, e nem nos damos conta que o motivo de tudo está justamente na maldita impaciência.

O cantor e compositor Lenine destaca esse sentimento muito bem nos versos da sua bela canção Paciência: “O mundo vai girando/ Cada vez mais veloz /A gente espera do mundo/ E o mundo espera de nós/ Um pouco mais de paciência”. Por isso, reafirmo: é preciso ter paciência, e, sobretudo fé – como já disse – para caminhar caminho certeiro depois de dado o primeiro passo, não desistir no meio e seguir sem tropeço, mas quando tropeçarmos é preciso recorrer à paciência e à fé novamente para recomeçar. Não existem outras virtudes.

Santa Teresa de Ávila, doutora e poetisa da igreja católica, por sua vez, nos dá um conselho que ilustra muita bem o sentido do aforismo de Guimarães Rosa que destaquei no início da crônica – Deus é paciência! – em seu poema-oração evoca a grande mística: “Nada te perturbe, Nada te espante,/ Tudo passa, Deus não muda,/A paciência tudo alcança;/ Quem a Deus tem, Nada lhe falta: Só Deus basta!”.

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Bruno Paulino é cronista e aprendiz de passarinho

Escute um conto de Bruno Paulino:

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Colaboradores LDB

Colaboradores do Blog Leituras da Bel. Grupo formado por professores, escritores, poetas e estudiosos da literatura.

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