Produtos com Indicação Geográfica (IG) têm valor agregado de até 40% e contribuem para o turismo local
O algodão produzido em Inhamuns, Ceará, foi reconhecido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) com o selo de Indicação Geográfica (IG), do tipo Indicação de Procedência (IP). A conquista, que beneficia a comunidade local agregando valor ao produto e valorizando o território, foi resultado do trabalho desenvolvido pelo Sebrae Ceará desde de 2020.
A IG é um sinal que indica a origem geográfica de determinado produto ou serviço, exaltando o trabalho realizado no território ao atestar a qualidade e o teor único desses processos. Apenas os produtores e prestadores de serviços estabelecidos no respectivo território podem usar a IG.
De acordo com o analista da Unidade Competitividade dos Negócios e gestor de agronegócio do Sebrae Ceará, Germano Parente Bluhm, um produto com Indicação Geográfica chega a ter um acréscimo de 30% a 40% no valor de mercado, em comparação às versões tradicionais.
Além disso, o item pode fortalecer o turismo da região e criar um ambiente de governança e valorização do território mais bem estabelecido. “As pessoas começam a se interessar mais pelo território e pelo produto, para saber por que aquilo existe naquele local. Por isso o Sebrae Ceará tem apostado em uma boa seleção de produtos para valorizar as comunidades, porque a Indicação Geográfica tem um impacto sociocultural muito importante”, indica.
Desde 2020, a instituição estuda potenciais Indicações Geográficas em diferentes partes do Estado. Os produtos e territórios destacados foram:
- Cachaça de Viçosa do Ceará;
- Mel de Aroeira dos Inhamuns;
- Algodão Ecológico dos Inhamuns;
- Queijo Coalho do Jaguaribe;
- Fibra do Croá da Região da Ibiapaba;
- Café do Maciço de Baturité;
- Renda de Bilro do Aquiraz;
- Facas de Potengi.
“Em todos esses ambientes o Sebrae conta com a parceria das associações comunitárias e do poder público local, criando um ambiente favorável que fortaleça essas indicações. O objetivo é continuar lançando outras, para que o Estado seja uma referência”, destaca Germano.
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Confira o passo a passo para lançar uma candidatura à Indicação Geográfica:
- Diagnóstico de potencialidades para definir produtos e territórios que representam a riqueza cultural e econômica da região e apresentam potencial para a estruturação das IGs;
- Estruturação da indicação, estabelecendo:
- identificar uma associação representativa dos produtores;
- construir o signo ou logomarca do produto;
- cadastrar os produtores;
- delimitar o território
- produzir um dossiê histórico-cultural sobre a história do produto e do território;
- criar um caderno de especificações técnicas com as características do produto apto a receber o selo.
3. Por fim, é necessário preparar toda a documentação, digitalizar os processos e dar entrada no pedido pelo selo junto ao Inpi.
O algodão de Inhamuns
A produção de algodão na Região dos Inhamuns, que abrange os municípios cearenses de Tauá, Independência, Parambu, Boa Viagem e Novo Oriente, remonta ao século 18. O território é uma das grandes produtoras de algodão do Brasil, graças ao clima e solo favoráveis ao cultivo. Ainda na última década do século 20, houve o aumento das exportações para os Estados Unidos e a União Europeia.
A cadeia produtiva movimenta toda a localidade e é responsável pelo sustento de centenas de famílias envolvidas no plantio, cultivo, colheita, transporte, beneficiamento e comercialização do item.
Uma das especificações determinadas para a garantia do selo é um sistema agroecológico que possibilita o fornecimento de produtos livres de qualquer resquício químico tóxico. Além disso, os resíduos gerados na cadeia produtiva precisam ser tratados, e as práticas de manejo empregadas devem contribuir para a manutenção da tradição do plantio do algodão e o equilíbrio do meio ambiente.