Lúcio leva Jesus para a seleção

Lúcio leva Jesus para a seleção

Se a  seleção brasileira de futebol, institucionalmente, representa o Brasil, então me parece descabido que jogadores tirem a camisa do uniforme para vestir camisetas com frases religiosas como fizeram Lúcio:  “I love Jesus” – e Kaká: “I belong to Jesus” [eu pertenço a Jesus].

Da parte de Lúcio, que é o capitão da equipe, a coisa parece um pouco mais grave, pois ele é o representante oficial da seleção dentro de campo. Ainda que maioria, nem toda a população professa a fé cristã, sem falar nos ateus brasileiros.

Além do mais, fazer o que Lúcio e Kaká fizeram pode representar, no mínimo, uma deselegância, quando não ofensa, aos anfitriões da África do Sul. É verdade que a maioria deles são cristão e muçulmanos [que tem Jesus como um dos profetas, mas não como  “o” profeta], mas é fato também que o país tem fortes religiões locais – sem ligações com o cristianismo – e muitas delas base de resistência ao apartheid.

Em alguns países uma “inocente” referência cristã pode soar como uma provocação. Os jogadores, habituados a rodas pelo mundo, deveriam saber disso.

É fato que Lúcio, ao receber o troféu de campeão da Copa das Confederações, voltou a vestir a farda da seleção, mas usou a camiseta “I love Jesus” enfiada no calção, como se fosse uma “saia” para deixar a mostra os dizeres de sua fé. [Na foto ao lado, reproduzida do portal IG.]

Mas como se pode criticar os jogadores em um país, que se diz laico, mas inclui “sob a proteção de Deus” no preâmbulo de sua Constituição? Um país onde tribunais, parlamentos e repartições públicas ostentam símbolos cristãos, mais especificamente da católica?

Segundo uma busca que faço na internet, a Fifa [Fédération Internationele de Football Association], havia proibido, em 2007, que jogadores fizessem tais referências, em “respeito” a outras religiões.

Se houve desrespeito a uma norma fa Fifa, foi na cara do presidente, Joseph Blatter, que estava lá entregando troféus e medalhas as jogadores.