Devido à crise porque passam os jornais impressos, sou sempre provocado por alguns “jovens” jornalistas conectados e por uma certa “esquerda”, que considera a imprensa uma espécie de complô da burguesia [com comitê central e tudo] para submeter a “classe operária”. Dizem mais ou menos que somos uma espécie de dinossauro [se bem que o asteróide da internet ainda não nos destruiu completamente], que estamos tocando no convés do Titanic ou, quem sabe, dançando no baile da Ilha Fiscal.

Sempre respondo, pacientemente, aos dois grupos [ambos são imaturos], que não tenho – os jornalistas não devem ter – nenhum fetiche pelo papel. Explico didaticamente: o homem [quando é para alguém da “esquerda” trato de ser politicamente correto e acrescento “e a mulher”] começou a deixar sua marca nas paredes das cavernas, depois passou a escrever em tabletes de argila; pele de animais, o papiro e, depois, inventou o papel. Portanto, este, é apenas mais um dos suportes de que se valem os humanos para manifestar e difundir os seus pensamentos. Se houver outro melhor, a tela do computador, a tinta eletrônica, o display do celular, passemos a usá-los.

Digo então para eles que o negócio das empresas de notícias e dos jornalistas é o jornalismo: levar notícias às pessoas, contar história de gente – em qualquer suporte. Aqui é que se concentra o problema que nos atinge a todos: estamos fazendo bom jornalismo? O jornalismo está cumprindo o seu papel de levar às pessoas informações de interesse público? Ou os jornais também estão se transformando em meios de entretenimento e de banalidades de modo a concorrer com os outros meios, mais “dinâmicos”?

A crise dos jornais não deveria ser motivo de regozijo, deveria ser justificativa para pensar, pelo menos aqueles que creem que a democracia depende de uma boa imprensa – e livre, e que a liberdade de imprensa depende da democracia.

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