O jornalista Diogo Rodriguez, editor do Me Explica?, escreveu artigo com o título “A inovadora estratégia do Intercept para cobrir os poderosos“. Ele analisa a forma como o site vem divulgando as informações da cozinha da operação Lava Jato, a partir dos diálogos mantidos entre o ex-juiz Sérgio Moro (atual ministro da Justiça) e os procuradores de Curitiba, especialmente Deltan Dallagnol, por meio da rede social Telegram.
Para Diogo, o fato de o site ter se associado a outros profissionais e com o jornal Folha de S. Paulo para divulgar as informações, “legitima” a investigação do Intercept e fortalece o jornalismo. E, diferentemente de alguns que criticam o fato de o Intercept estar divulgando aos pouco as informações de que dispõe, Diogo entende que seus editores perceberam as mudanças no ecossistema da comunicação:
“Em vez de publicar um monte de artigos e materiais de uma só vez, eles entenderam que o fórum público de opiniões (como diria a teórica política Nadia Urbinati) é muito diferente hoje em dia. Agora, mais do que nunca, precisamos trabalhar com essas novas dinâmicas e ter estratégias que levem em consideração o que acontece em tempo real.”
Antes de tudo, eu não julgo aqui os diálogos. As condições para isso estão postas pelo bom senso e pela justiça. Olhando o texto completo, de fato a imprensa “pode” estar experimentando uma nova forma de fazer notícia. Pena que essa inovação seja explorando uma ética do tipo “prove do seu próprio veneno”, o que para mim é falta ética. Eu tenho duas crianças. Se uma vem a mim e entrega uma besteira que a outra fez, que resulta numa chamada e um castigo, isso dá direito da criança punida usar de meio escuso para colocar a outra em maus lençóis? Eu, como pai, se pego isso dou um castigo dobrado na “esperteza” dessa outra e ainda vai ficar de observação. Obviamente, também verificarei a culpa da outra. No Brasil, estamos vivenciado uma experiência que coloca as coisas de tal forma que se alguém acha que foi injustiçado ou não se conforma com algo, ela se dá o direito de fazer justiça ao seu modo. E tem partidos como PCdoB, PT, PSOL, PSL, etc, que concordam e oferecem apoio disfarçado dessa ética “prove do seu veneno”. Agora, isso está contaminando repórteres, colunistas, alguns jornais, revistas e sites que se designam como imprensa. É assustador ver isso acontecendo quando se sabe que a imprensa melhor representa os olhos e ouvidos da sociedade livre em uma democracia. Pior ainda se verificar, no futuro, que houve manipulação!!! Mas pode ter certeza de uma coisa, a geração que vem aí, filha da minha, já entende tais maniqueísmos. Eu como pai e cidadão não permitirei manobrarem meus filhos e aqueles ao meu redor com essa ética medieval e suja – ou seja, não ética. A melhor forma de combater isso é com informação correta e o debate sem ideologias. E que estes “membros da imprensa” tenham a certeza de que o meu pensamento e atitudes não é de uma minoria. Muito pelo contrário.
Concordo que, todos, devemos ter ética. Vale, inclusive, para juízes que atropelam a lei, quando se unem à acusação para condenar um réu, desrespeitando a Constituição, o Código de Processo Penal, a Lei Orgânica da Magistratura e o Código de Ética dos Magistrados.