O artista plástico Hélio Rôla também faz homenagem ao Novo Ano, à sua maneira: com seu trabalho artístico e com a reflexão que nos propõe com o texto do filósfo francês Michel Serres.
«Para além dos afrontamentos tradicionais entre tribos minúsculas, a história passada, a primeira guerra autenticamente mundial, inexpiável porque verdadeiramente global, pois as precedentes se reduziam a conflitos apenas nacionais entre potências imperialistas, isto é, falsamente universais, oporá, doravante, dois grupos de homens: os universalistas, pequeno grupo, mesmo raríssimo, dotados de recursos integrais, contra os miseráveis, totalmente destituídos, mas representando, realmente, a solidariedade da humanidade. Desencadear-se-á amanhã, já está a começar, se os primeiros constroem o universo pela destruição dos lugares, tornando-os indiferentes ou indefinidos, em vez de suscitar a sua singularidade. Estes dois tipos de habitantes vão arriscar-se a essa nova guerra, globalmente mortal, já que todo o planeta nela se empenhará, ou decidirão eles, por milagre, viver em conjunto e em paz? Como designar este conflito, novo porque universal, senão como a guerra dos falsos deuses contra os mortais, ia dizer contra os homens? E como designar essa paz? Tragédia ou utopia, eis-nos condenados a escolher.» [Michel Serres – Atlas Coleção Epistemologia e Sociedade Instituto Piaget Lisboa.]
Saudações da pARTE do Hélio Rôla
no dia primeiro de 2010
Caro Plínio,
Caro Hélio Rôla,
Nietzsche, no seu magnífico Assim Falava Zaratustra (De grandes acontecimentos), disse que “A Terra tem uma pele e essa pele tem doenças. Uma dessas doenças, por exemplo, chama-se: homem”.
Nelson
Meu Caro Plínio
Um fato envergonhou a nós brasileiros no último dia do ano: a declaração ouvida no telejornal da BAND do seu apresentador que se refere a dois garis desejando a todos brasileiros um feliz 2010. “Que merda…….”.Uma declaração preconceituosa e desrespeitosa, que fere a nossa Constituição Federal e apunhala os princípios básicos da dignidade do ser humano. Estou esperando a posição da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, da OAB, do Ministério Público Federal e de todas instituições de defesa do cidadão e dos direitos humanos. A BAND deve imediatamente afastá-lo definitivamente do seu quadro e caso isso não ocorra, deve também responder pelo crime cometido por seu empregado. Que Vergonha!!!!!
Caro Plínio,
A propósito do post do José Maria Pontes, aí está o link:
http://www.youtube.com/watch?v=0H9znNpeFao
Abraço,
Nelson
Marco Antônio Abreu Florentino disse…
O PRIMEIRO DISCURSO – ORIGINAL
Sinto muito, mas não pretendo ser o dono da verdade… imperador, ditador ou tirano sim, pois essa é a minha natureza. Primeiro eu, depois se possível, os outros, mesmo assim com restrições a algumas raças, credos, etnias e por ai vai.
Todos nós queremos, antes de qualquer coisa, a nossa felicidade, para depois desejarmos a dos outros, contanto que esses outros tenham haver conosco. Sei que no mundo há espaço para todos e que não deveríamos odiar e desprezar uns aos outros, mas não é o que acontece e com certeza, nunca acontecerá, pois essa é uma das utopias humanas.
Nós nos extraviamos porque nascemos assim, arrogantes, egoístas e individualistas, sedentos de riqueza, poder e bem estar próprio. Não era para precisarmos de religião ou coisa que o valha para vivermos em harmonia e fazendo o bem, pois apenas o senso ético deveria nortear nossas vidas e ações… sabem, aquela coisa de não querermos para os outros o que não desejamos para nós, mas infelizmente essa não é a regra da conduta humana e estão sendo falsos aqueles que renegam tal condição.
Criamos a época da velocidade e da abundância porque gostamos desse prazer material e nos sentimos bem em estarmos enclausurados nesse meio. O que nos incomoda é estarmos enclaururados dentro de nós mesmos. Não somos emperdenidos e cruéis, apenas egoistas.
A internet aproximou-nos muito mais. A própria natureza dela é um apelo ao nosso isolamento… um apelo egocêntrico universal. Neste mesmo instante o meu texto chega a milhões de pessoas mundo afora, desesperados, homens, mulheres e criançinhas que, à exceção destas (ainda puras e inocentes porém o mal em potência), se pudessem estariam no lugar dos torturadores e carcereiros da liberdade, resultantes de um sistema inexorável criado pela alma racional humana. E assim caminha a humanidade, onde o progresso vai sempre esmagar muitos em detrimento de poucos. Sempre foi assim desde o início dos tempos e assim vai continuar. De nada adiantou criarem mártires, salvadores e messias, pois as coisas pioram cada vez mais com o decorrer do tempo… aliás, esses que se dizem seguidores de tais salvadores parecem que são os piores, pois se utilizam da hipocrisia descarada para continuarem mantendo seu status quo de uma existência laboriosa.
Portanto soldados, mantenham-se perfilados e obedientes à hierarquia e disciplina dos comandantes de cada quartel de muralhas altas e quase intransponíveis, pois assim se sentirão mais protegidos, afinal isso é o que vocês são, ou melhor, querem ser… gados para serem tocados. Sei que manterão a capacidade de amar a si mesmos e aos seus entes mais caros, assim como também sei que jamais se auto destruirão numa guerra fratricida sem causa ou ideal, afinal de contas isso destruiria por completo seus anseios de bem estar e poder. E é exatamente essa condição de tensão coletiva que nos faz tolerar uns aos outros, mantendo um equilibrio social apenas quebrado por alguns hitleres mais autênticos que resolvem se manifestar sem máscaras.
Silviana, estás me ouvindo? Onde te encontrares levanta os olhos! Estamos entrando no admirável mundo novo… o mundo de matrix, em que os homens se deixarão guiar pelos números e pelas máquinas. Ergue os olhos enquanto pode.
Sei que não era o texto que gostariam de ler numa época de renovação e confraternização, mas últimamente não tenho conseguido ser tão falso.
JÚLIUS GALENO dedica a todos os homens de boa vontade
OBS: Texto crítico ao ¨O ULTIMO DISCURSO¨ de Charles Chaplin.