Maria Zoadenta

Dou uma volta pelo lugar. Uma senhora, vestes azuis, segura um estandarte e não sai de perto de uma grande cruz de madeira. Segundo dizem, foi o próprio Padre Cícero a fixá-la. Ela fala alto, impreca.

Demoro a perceber que ela está zangada com o forró que acompanha a missa, que se houve de longe. Critica em voz alta as pessoas que passam por perto: “Aqui é caminho de penitência não é beira de praia não”. “Agora só se sabe o que é pagode, pouca vergonha!, no tempo do Padre Cícero era um mês de penitência”.

Tento falar com ela. Como é o nome da senhora: “Maria Zuadenta”. A senhora vem aqui todo dia: “Graças a Deus; até Deus me tirar desse mundo veio”.

Mais à frente vejo uma senhorinha, miúda, magra, sentadinha em um batente; as roupas são iguais às de Maria Zoadenta. Na minha ignorância, penso tratar-se de algum tipo de seita.

Falo com ela. Essa roupa azul da senhora, o que significa? Ela olha para mim espantada: “Não sabe não?, a roupa da Senhora das Dores, a mãe do meu Padrim; o meu Padrim é papa de Roma e prefeito do Brasil” – e emenda uma fieira de frases desconexas.

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