Na dura poesia concreta rompem os pés de milho

«Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro e Minho, porque neste tempo d’agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!»

O trecho acima é da bela carta de Pero Vaz de Caminha,  ao El Rei Dom Manuel, escrita “Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500”. [Quem nunca a leu, recomendo, é a Certidão de Nascimento do Brasil – e Caminha era um ótimo repórter. Uma busca no Google e se a achará.]

Do trecho acima nasceu o “em se plantando tudo dá”; por vezes, não é preciso nem plantar, como esses dois bravos pés de milho que insistem em vingar no meio do concreto.

Na rua Padre Valdevino, pouco depois da Coelce, quase esquina com a Aguanambi.