Meu artigo, publicado na edição de hoje (28/7/2011) do O POVO.

Arte de Hélio Rôla (clique para ampliar)

Um arranhão na fama de bom administrador
Plínio Bortolotti

O “escândalo dos banheiros”, divulgado pelo O POVO, revelou um esquema de desvio de dinheiro público, o que provocou o afastamento de servidores da Secretaria das Cidades, comprometeu políticos, e derrubou o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Teodorico Menezes, suspeito de organizar dutos por onde escorriam as verbas públicas.

Mas o caso esbarra também no governador do Estado, Cid Gomes (PSB). Uma das características sempre destacadas de Cid é a de “bom administrador”, recitada por todos os seus aliados, capacidade reconhecida também por muitos de seus críticos.

O governador teria algo como um olhar panóptico sobre o que acontece no Estado. Algumas pessoas dizem que ele governa com o Mapp (programa de computador que permite acompanhar cada centavo que é investido) e com seu notebook, recheado das mais diversas informações. Esses instrumentos provocariam calafrios em seus auxiliares, quando chamados a dar explicações, pois deles nada escaparia.

No entanto, o próprio Cid reconheceu ao O POVO haver “fragilidades” nos controles da Secretaria das Cidades, dizendo ser impossível acompanhar todos os convênios. Mas prometeu empenhar-se “pessoalmente” para esclarecer o caso.

Se um governador não pode acompanhar tudo, cada secretaria deve ter algumas normas básicas para liberar recursos. Mas não funcionava assim: associações fantasmas, sem sede e sem endereço, receberam verbas e dinheiro era liberado sem prestação de contas. Dizer, como estão dizendo agora que, no papel, tudo estava regular, é menosprezar a inteligência do distinto público.

Além disso: qual o critério para a escolha da família que receberia o banheiro? Ao que tudo indica o critério da politicagem. O benefício aparecia com “favor” de algum deputado. O que é errado, mesmo se todo o recurso tivesse sido aplicado corretamente na construção dos kits sanitários.

E só para lembrar: são recursos do Fecop (Fundo Estadual de Combate à Pobreza), que implicou aumento de impostos para todos os cearenses.

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