Arte: Hélio Rôla (clique para ampliar)

Meu artigo publicado na edição de hoje (8/9/2011) do O POVO:

A pichação e o escândalo dos banheiros
Plínio Bortolotti

O Governo do Estado, a exemplo do que fez a Prefeitura de Fortaleza, meteu os pés pelas mãos na negociação com os professores.

O sempre habilidoso governador Cid Gomes – que costuma atrair os mais díspares para o seu lado – tem-se comportado à desmedida nessa questão, tendo insistido na Justiça em uma causa perdida: o modo de calcular o piso nacional dos professores, no qual ele quer incluir bonificações, o que já foi rejeitado pelo STF.

Talvez porque seu estilo soft não consiga prevalecer nas confrontações diretas, como é o caso do movimento dos professores. Nessas horas costuma revelar-se nele a face Mister Hyde da família Ferreira Gomes.

O fato é que o presidente da Assembleia Legislativa, Roberto Cláudio (PSB), aliado do governo, parece ter embarcado na mesma canoa que, fatalmente, fará água. Ele está dando importância destacada a uma pichação inócua, por suas palavras: “Educação já”, deixada na parede interna da Casa depois da manifestação dos professores, na semana passada. Está certo, foi excesso, inda mais tratando-se de professores. Mas reconheça-se: de nenhum poder ofensivo, ninguém foi xingado ou ameaçado.

Porém, Roberto Cláudio chamou a Polícia e vai abrir inquérito para tentar punir autor do grafite. O que ele vai conseguir é pôr toda a categoria contra ele, achando ou não (o mais provável é que não encontre) o responsável.

Além do mais, alguém poderia perguntar: por que o presidente investe com tanta sanha para achar um pichador e não usa o mesmo vigor para descobrir os dutos por onde escorreram boa parte dos R$ 17 milhões destinados à construção de banheiros para famílias pobres do interior? Pelo contrário, um dos possíveis envolvidos, por estar sob investigação, foi acarinhado na Assembleia.

Pois bem, se alguém fizesse esse questionamento, o que o presidente da Assembleia responderia?