Interessante artigo publicado no Observatório da Imprensa (10/09/2011).

De que lado estão o jornalista e o jornalismo?
Carlos Castilho

Quase todo jornalista sente o seu ego inflar quando é apresentado em público como uma pessoa que está por dentro das coisas. Quando se trata de política, futebol e economia, é o especialista que sabe o que pensa e o quer o político, o cartola e o banqueiro. Um profissional nessas condições é chamado pelos norte-americanos de insider e goza de muito prestígio porque é quem supostamente sabe de coisas que os vis mortais ignoram.

O problema é que a própria definição de insider coloca o profissional num dos lados da informação, o lado de quem tem poder, de quem pode gerar notícias e influenciar a agenda pública. Mas este é o lado certo do jornalista? Se formos seguir os manuais, a resposta provavelmente será negativa, porque a função do jornalista é buscar, conferir, editar e publicar informações que permitam ao cidadão ter uma vida digna e inserir-se no convívio social.

Estamos, portanto, diante de um paradoxo. Para cumprir suas funções o jornalista deveria ter como preocupação principal “estar por dentro” do que pensa e quer o cidadão. Os tomadores de decisões também são cidadãos, mas não são eles que compõem a grande massa da população, que é quem vota e precisa de informações para poder participar na definição dos rumos de uma sociedade.

Mas a rotina das redações empurra os jornalistas na direção contrária. Eles, de maneira geral, acabam consultando mais o político, o empresário e o cartola do que as pessoas que compram jornal e, em última análise, pagam os salários da Redação. O paradoxo, por sua vez, alimenta um equivoco: o jornalista está se identificando com o lado errado da noticia.

Continue lendo no blog Código Aberto, do Observatório da Imprensa.

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