Meu artigo publicado hoje (21/3/2013) no O POVO.
Redação deveria ser suprimida do Enem
Plínio Bortolotti
Quando a redação passou a ser obrigatória nos vestibulares fui um dos que saudaram a medida como muito positiva. Pensava, ingenuamente, que os professores passariam a tomar o ato de escrever como oportunidade para provocar a criatividade dos estudantes. Ledo engano.
As escolas, particulares à frente, passaram a treinar os alunos usando uma “fórmula” de escrever dissertações, visando unicamente a “boa nota” na prova. Haveria de ser um texto mediano, de modo a agradar a média dos encarregados da correção. Por óbvio, o engessamento é inimigo da criatividade – e o método (equivocado), em vez de ajudar o estudante a escrever melhor, tende a torná-lo um escritor medíocre, se tanto. O mesmo “esquema” vem sendo aplicado para orientar os candidatos do Enem.
Vi algumas aulas no Youtube, de famosos cursinhos preparatórios. O negócio chega a tal ponto que a “redação” fica parecida com aqueles formulários em que o “autor” precisa apenas preencher os espaços pontilhados, variando de acordo com o assunto pedido.
Tomo o assunto agora aproveitando matérias publicadas em portais da internet mostrando redações, que obtiveram boas notas, com inserção de trechos de hino de um time de futebol (500 em 1.000 pontos possíveis) ou receita para cozinhar macarrão instantâneo (560); algumas outras, com erros gramaticais, conseguiram nota máxima. (Quanto a este caso, é preciso lembrar que erros de grafia não indicam, necessariamente, falta de domínio da língua.)
O fato é que, além da subjetividade de cada corretor, a carga de trabalho que se põe sobre eles dificulta um trabalho acurado. Leve-se ainda em conta que, na grande maioria dos casos, quem vai bem na prova “objetiva”, tende a tirar boa nota na redação.
Posto isso, a meu ver, dever-se-ia suprimir a redação das provas do Enem. Quem sabe assim, as escolas poderiam ajudar o estudante a desenvolver o gosto pela leitura e pela escrita, deixando as fórmulas para a Física e para a Matemática.
Concordo plenamente com você Plínio, porque no final das contas a prova da redação também faz TODA a diferença na pontuação final…(eu que o diga), portanto merece uma atenção especial.
Caro Plínio, bom dia.
Procurarei ser o mais direto possível neste comentário a fim de não cansar aqueles que porventura o lerem.
Com o passar do tempo e a chegada dos cabelos brancos somos, muitas vezes, levados a pensar (ingenuamente, é claro) que nada mais nos surpreenderá. Dito isto, sempre poderemos contar com opiniões meio estapafúrdias como esta que o jornalista se nos apresenta. Caro Plínio, suas colocações sobre este assunto não fazem, a meu ver, o menor sentido. Meu amigo, se as escolas “particulares” chegaram ao ponto de – como diz você – sistematizar a prova de redação, isto não é causa e sim efeito. Existe uma “fórmula” para fazer a redação simplesmente porque existe, óbvio, uma “fórmula” para sua correção.
Existe uma “fórmula” para a correção das redações que é, inequivocamente, função direta da ampla mediocridade e profunda incompetência da maioria de nossos professores. Eu não vou ficar aqui fazendo, como muitos em vossa redação (do jornal), proselitismo da incompetência de uma classe que, de há muito, só sabe falar em aumento de salário e greve. Triste mesmo é ver alguém, como vossa senhoria, propor a mais velha, preguiçosa e medíocre das soluções brasileiras: Não podendo controlar e fazer direito; melhor proibir.
Vergonha, vergonha, vergonha… Tantos anos de estudo para regurgitar sobre os incautos tal logorréia. É a expressão do que de pior há no brasileiro de sua geração Plínio. Melhor, mais produtivo, e mais honesto, seria ter a coragem de dizer a verdade nua e crua: A grande maioria dos que saem do ensino publico brasileiro são ANALFABETOS FUNCIONAIS.