Meu artigo publicado na edição de hoje (15/8/2013) do O POVO.
Homofobia ecológica
Plínio Bortolotti
Um vídeo postado no Facebook pelo Nossa Tribo, coletivo de comunicação autodenominado “independente”, a exemplo da mais conhecida Mídia Ninja, mostra uma professora da Universidade Estadual do Ceará, “doutora em Filosofia pela PUC-SP”, investindo com violência verbal inaudita contra os guardas municipais que promoveram a desocupação do Parque do Cocó, na madrugada do dia 8 deste mês.
No momento em que ela confronta os guardas, aos gritos, eles não reagem. Apesar disso, o ataque da professora poderia ser justificado – pela vista dos manifestantes ou mesmo por quem de fora – pela pela violência, essa física, utilizada pela Guarda Municipal na ação. Poderia, se o destampatório verbal da “doutora em Filosofia” não fosse vazado em termos, todos eles, escandalosamente homofóbicos.
Não me atrevo a repetir nenhum dos xingamentos aqui, mas quem quiser ir ao vídeo para ouvir o chocante discurso – e ver a fúria com que professora o pronuncia (sob aplauso de companheiros circundantes), pode clicar nos links; mas aviso, tirem antes as crianças da sala: veja o vídeo – e veja o post.
Se fosse alguém da “direita” a usar termos assim, o negócio seria um escândalo, “repercutido” com críticas e acusações em toda a mídia social. Mas sendo uma “ecologista”, o Nossa Tribo classifica o discurso horrorosamente homofóbico como “intenso” e faz elogios à professora, dizendo que “ela sabe o que fala” (sic).
E aqui entramos – o espaço é pequeno para um debate mais aprofundado – na conversa sobre as mídias “independentes”, que reconheço como um tipo de jornalismo, mas às quais não se pode permitir tudo, como se fossem crianças voluntariosas.
O papel mais importante da imprensa é buscar a verdade (sim, eu acredito em velharias). Se uma palavra é homofóbica quando pronunciada pela “direita”, ela continua sendo quando dita pela “esquerda”. E se a mídia “independente” não compreender isso, é porque não está entendendo nada.
É esse o nível dos professores doutores da UECE? Pense nesse povo no poder. Imagino que ela depois pegue o seu possante poluente e vá dormir o sono dos justos. Aliás, Plínio, gostaria de fazer um comentário não ao jornalista, mas ao diretor institucional do jornal. Lamentável a cobertura do O Povo sobre esse episódio. Partidarismo ou pautado pela esquerda, afundou-se na própria lama do Cocó. Deu publicidade à pessoas conhecidas pelo seu radicalismo ou oportunismo. Nem a loura incompetente na sua administração desastrosa apanhou tanto da Aguanambi. E ainda leva o nome de imprensa burguesa pelo ecochato João Alfredo. Cuidado, jornal, a imprensa é o primeiro alvo dessa gente quando toma o poder (vide pt).
Caro Costa,
O jornal O POVO faz jornalismo, independentemente de quem esteja no poder.
Agradeço pelo comentário,
Plínio
Caro Plínio,
Concordo com a sua avaliação; não apoio gosserias qualquer que seja o lado e o que se vê no vídeo são destemperos de uma pessoa que – pelo sua formação intelectual – não está autorizada e de quem não se espera tal comportamento; atitudes dessa natureza – independente de sua origem – não produz resultado positivo, meu ver. Sem levar em contas que os destemperos foram dirigidos a quem menos interessa, se é
que isso interessa a alguém.
É isso aí…
1. Hoje não existe jornalismo independente. 2. Para ser independente, tem que mostrar todos os lados dos fatos. 3. O Jornal O Povo só mostrou a versão dos ECOS.
Caro Paulo,
Se você verificar, verá que a cobertura do O POVO é equilibrada. Na edição de hoje mesmo (15/8/2013) há um artigo do advogado Valmir Pontes Filho, “Equívocos lamentáveis”, que não me parece a “versão dos ecos”.
Agradeço pela leitura e pelo comentário.
Abraço,
Plínio
Paulo Roberto está certo. O jornal, sabe-se porque, tomou o lado de conhecidos baderneiros da cidade. Não pode ficar ao lado de dezenas de manifestantes e contra as centenas de milhares de pessoas que serão beneficiadas com a obra. Artigos assinados não contam e sim a cobertura, que tem sido tendenciosa. Pelo comentário da coluna Política de ontem parece que há uma briguinha entre o governo do estado e o jornal, que acaba respingando na administração de Fortaleza.
Caro sr. Costa,
Creio que o sr. está lendo algum outro jornal, que não O POVO, para fazer uma afirmação desse tipo. Sugiro – caso queira – que reveja a cobertura em várias edições, os editoriais, a nota oficial na qual o jornal condena a agressão da Guarda Municipal contra os seus repórteres e, ao mesmo tempo, condena a agressão dos manifestantes contra jornalistas. O POVO faz jornalismo e não toma partido de “baderneiros” de qualquer espécie. E, a mais, tudo o que sai no jornal “conta”. Se o jornal tivesse tomado partido, poderia não publicar artigos que supostamente contrariassem as suas ideias.
E, a propósito, enquanto aqui o sr. escreve que o jornal tomou o lado dos “baderneiros”, em comentário deixado no link do jornal afirmam que O POVO é parte da “imprensa oficiosa”. Enquanto estivermos apanhando dos dois lados, é indicação de que estamos no caminho certo: http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2013/08/15/noticiasjornalopiniao,3111218/homofobia-ecologica.shtml.
Agradeço pela leitura e pelo comentário.
Plínio
O Sr. já foi torturado? Em sã consciência não aprovo a revolta verbal da professora, mas compreendo seus sentimentos naquele momento e nada foi dito sobre isso. Ela com todoas aqueles foram torturados no dia anterior por elementos que se portaram como animais sedentos de sangue e de sofrimento daqueles manifestantes. O torturado nunca perdoa o torturador pq é do próprio sentimento de sobrevivência. O bom de tudo isso é que o PT criou um aparato repressivo nessa guarda que é mil vezes pior que o choque e a oligarquia westá utilizando muito bem esse presente dado a ela pela Luiziane. Ainda tem idiota que acha que esses despreparados possam usar arma de fogo. Se naquele momeno estivessem portando arma de fogo com certeza teria ocorrido uma chacina. Não aceito a conduta da professora, mas não queria ter estado no lugar dela no dia anterior não e tenho certeza que o senhor também não queria
Caro sr. Luciano,
O sr. me desculpe, mas é equivocada essa forma de debater perguntando se a pessoa já foi isso ou aquilo. E, a mais, o sr. se equivoca: não houve tortura e sim agressões – o que é bem diferente, mesmo que agredir seja uma ação grave. A mais, independentemente do que houve, nada, mas nada mesmo, justifica o fato de a “professora” usar expressões violentamente homofóbicas como forma de humilhar os guardas.
Agradeço pela leitura e pelo comentário.
Plínio
Sem querer polemizar peço desculpas pela pergunta inicial que não teve o sentido de ser dirigido ao jornalista, mas aos leitores. Uma colocação genérica mas não explicada. mas quanto a tortura não tiro uma vírgula. Eu estava lá observando e o que mai me estranhava era o prazer mortal daquele guardas quando disparavam choques elétricos, principalmente nas mulheres que a nada reagiam. Choque elétrico é elemento de tortura desde que foi produzida, e mais! Uma forte característica da tortura é o prazer do torturador em ver o torturado sofre. Foi muito choque elétrico e gratuito. Se colocarem armas de fogo nas mãos daqueles guardas como muitos querem os jornais vão ter que ampliarem suas páginas policiais.
Plínio, muito oportuno o seu post. Vale lembrar que, como educadora, a senhora em questão deveria ter consciência de seu papel como referência para jovens. Sem contar que impressiona ainda que, vendo a companheira de manifestação em inegável ato de descontrole, nenhum de seus colegas tenha buscado retirá-la de perto da Guarda. Parece que esperavam pelo pior. Não defendo a ação desastrada do poder público na ocasião, mas é óbvio que a professora e seus parceiros buscam tirar proveito do despreparo dos guardas. Em relação a questão de homofobia, sua observação é precisa. As alusões sexuais feitas pela professora são de caráter degradante. Muitas poderiam ser as formas de criticá-los, mas a escolha por esse viés denota claro preconceito. Se fosse um Bolsonaro ou Feliciano da vida…. Abraço, Wanfil
Faltou você sugerir que ela pedisse desculpas aos guardas.
É preciso, antes de tudo, fazer uma constatação que, pela sua objetividade chega quase a ser redundante, porém, redundância essa que, diga-se de passagem, nos tenebrosos dias de hoje beira a uma gritante necessidade de ser dita: o jornalismo afunda numa sublime imbecilidade. Esse libelo desajeitadamente crítico, que na esteira de outras asnices reluta na cansativa função de retórica malacabada da mídia burguesa, peca, além da pobreza de estilo, especialmente pelo paradoxo do funcionário mal informado. O escravo feliz na tentativa de preencher com sua parcela de trabalho assalariado a meta de sua rotina fere de morte o princípio sobre o qual todo o seu árduo esforço – de pseudointelectual que de cima confirma a sua posição abutre – se funda; a “Santa Ética jornalística” revira-se no TÚMULO com tais latidos: O papel mais importante da imprensa é buscar a verdade.
A fala de sicários da verdade tais como o senhor Plínio Bortolotti confirmam a total falta de manejo com o léxico vulgar da periferia (este mesmo usado pela prof. Ilana) talvez não por uma moral impoluta constituída sobre os pilares da moral da família, da religião, da ordem e da propriedade, mas pelo seu completo afastamento higiênico e aprático.
Uma visão mais atenta, esta mesma que tais profissionais da labuta jornalística não possuem, percebe quando o uso da linguagem BAIXA quer DIZER toda a indignação acumulada na história. Os ouvidos delicados dos Apavorados não escutam a IRA das barricadas exatamente porque estão adestrados a OBEDECER.
Caro sr. “Nada de novo no fronte” (nada mesmo),
Agradeço pelo comentário, especialmente pela lição de como escrever gongoricamente.
Plínio