Meu artigo publicado na edição de hoje (12/9/2013) do O POVO.

Foto: Drawlio Joca (clique para ampliar)

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O tempo do novo secretário da Segurança
Plínio Bortolotti

A frase mais aguda na cerimônia de posse dos novos integrantes da equipe do governo do Estado foi expressa pelo nomeado secretário da Segurança Pública, Servilho Paiva: “Não tem milagre nem varinha de condão (para resolver os problemas da pasta)”.

No enunciado de Servilho está subentendida uma crítica à política adotada pelo seu antecessor, pois o novo secretário reconhece que a situação chegou a tal ponto, que se esperava dele um milagre ou um feitiço para trazer um pouco de paz para esta Fortaleza apavorada.

No entanto, foi uma espécie de pensamento mágico que guiou a nomeação do secretário que agora deixa o cargo. Depois de um titular de estilo mais leve, propenso ao diálogo, porém com uma ideia clara do que era uma política de segurança pública; no segundo mandato, o governador Cid Gomes (PSB) resolveu nomear um “pé de boi”, um “homem de ação”, um policial “que dorme tarde e acorda cedo”, como se autodefiniu o coronel Francisco Bezerra, em uma das poucas vezes em que se dignou a falar ao distinto público. Coisa que nunca deu certo, mas incendeia a imaginação dos que clamam por um “xerife” para pôr ordem no saloon, incluindo nessa utopia reacionária a “bancada da bala” e os programas “policiais” de TV.

Até as dunas sabem que credenciais assim são absolutamente insuficientes – e mais do que isso, negativas – para um setor complexo, que exige planejamento, e demanda mais esforço intelectual do que físico. Porém, nem mesmo o serviço de “pé de boi” Bezerra fez: um deles seria enfrentar os grupos criminosos que existem dentro da polícia, segundo denúncia do próprio irmão do governador, Ciro Gomes, agora secretário da Saúde.

Aparentemente, pela sua declaração, o novo secretário entende o quanto intrincada é a pasta que assume. Deve saber, portanto, que será muito difícil manobrar o transatlântico do qual é o capitão para tomar um rumo diferente do atual curso, no pouco tempo que lhe resta, até o fim do mandato ao governador Cid Gomes.

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